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Turistas brasileiros correm para visitar a Argentina antes das eleições no país

Agentes de viagens especializados em turismo brasileiro na Argentina passaram a receber uma enxurrada de consultas sobre a situação do país vizinho nas últimas semanas, do ponto de vista social, econômico e político.

As notícias sobre instabilidade cambial, atualmente favorável aos brasileiros, pois o real está, assim como o dólar, valorizado na Argentina, junto do aumento da pobreza, insegurança, inflação e a possibilidade de que o candidato da extrema direita na eleição presidencial de 22 de outubro, Javier Milei, cumpra sua promessa de implementar a dolarização deixou muitos brasileiros em estado de alerta, sem saber qual é o melhor momento para visitar Buenos Aires e outras cidades turísticas.

Os números da economia argentina são preocupantes. Em agosto, a inflação mensal foi de 12,4%. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 124,4% no país, e as previsões para este ano são revisadas todos os meses. O governo do presidente Alberto Fernández, que tem como candidato presidencial o ministro da Economia Sergio Massa, decidiu passar a divulgar a variação da inflação todas as semanas. O aumento de preços tem um impacto imediato na cotação do dólar paralelo ou blue, que nas últimas semanas ultrapassou a barreira dos 700 pesos e poderia chegar, até o fim do ano, a 800 ou até mil pesos.

O colapso da economia é o principal combustível da campanha de Milei, que é economista e promete dolarizar a economia e acabar com o Banco Central. O relatório do Latin Focus (elaborado por vários analistas privados) deste mês prevê uma disparada ainda mais expressiva da inflação nos próximos meses, e, em consequência, uma desvalorização mais rápida e forte do peso.

O apoio à proposta de dolarização de Milei vem crescendo e consolidando a liderança do candidato do partido A Liberdade Avança, o que é visto como uma potencial ameaça ao turismo estrangeiro.

“Recebemos consultas sobre a situação do país todos os dias e o que dizemos a todos é que a situação está muito ruim para os argentinos, mas hoje para os brasileiros é muito vantajosa. Na dúvida, venham logo”, afirmam Arnold e Evelyn, de uma agência de turismo.

Eles destacam que a capital argentina Buenos Aires oferece melhores condições de segurança do que as grandes cidades brasileiras, e, principalmente, preços muito em conta para hospedagem e alimentação.

“A possibilidade de dolarização nos preocupa e torna o futuro imprevisível. O brasileiro talvez não vá querer gastar em dólares”, aponta Arnold.

O agente de viagens Rickson Tavares tem a mesma opinião.

“Quando me perguntam eu digo que é melhor vir agora, porque com a dolarização o turismo pode encarecer. Se alguém está na dúvida, avance”, frisa Rickson.

Nos primeiros oito meses de 2023, quase um milhão (oficialmente 940 mil) de turistas brasileiros entraram na Argentina, de acordo com dados do Ministério do Turismo do país.

Nesse período, os brasileiros injetaram US$ 690 milhões na economia argentina, gastando, em média, US$ 800 durante toda sua estada, e ocupam atualmente o terceiro lugar no ranking de turistas estrangeiros, atrás apenas de uruguaios e chilenos.

Nos últimos quatro meses, também de acordo com dados oficiais, o número de turistas brasileiros superou os níveis prévios à pandemia da Covid-19. Os destinos mais procurados pelos brasileiros são Buenos Aires, Bariloche, Ushuaia, El Calafate e Mendoza.

“A liderança de Milei nas pesquisas e todos os cenários traçados por analistas em caso de que o candidato da extrema direita, de fato, seja eleito presidente do país, geram um clima de profunda incerteza entre os brasileiros que vivem do turismo na Argentina”, comenta Lucas Moroni, que há nove anos trocou Recife pela capital argentina, e criou uma agência em Buenos Aires.

Autor: O Sul

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