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Alzheimer: cientistas identificam novo sinal precoce, que pode surgir 3,8 anos antes do diagnóstico

Novo estudo incluiu dados de mais de mil pacientes de 16 países diferentes.

 

Um grupo de cientistas internacionais, liderados por pesquisadores da Universidade da Califórnia San Francisco, concluiu o primeiro estudo em grande escala sobre problemas visuais que se apresentam como os primeiros sintomas da doença de Alzheimer. O estudo identifica novo sinal precoce, que pode surgir 3,8 anos antes do diagnóstico. O trabalho inclui dados de mais de 1 mil pacientes de 16 países e foi publicado na revista científica The Lancet Neurology.

A atrofia cortical posterior (ACP) é um indício precoce de Alzheimer, descobriram os investigadores. Cerca de 94% dos pacientes com ACP tinham patologia de Alzheimer e os 6% restantes tinham condições como doença de corpos de Lewy e degeneração lobar frontotemporal. Em contrapartida, outros estudos mostram que 70% dos pacientes com perda de memória apresentam a patologia de Alzheimer.

Ao contrário dos problemas de memória — sintoma comum do Alzheimer —, os pacientes com ACP têm dificuldade em avaliar distâncias, distinguir entre objetos em movimento e parados, completar tarefas como escrever e recuperar um item caído, apesar de apresentarem um exame oftalmológico normal, disse a coautora Marianne Chapleau, do Departamento de Neurologia, Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia San Francisco e do Instituto Weill de Neurociências, em comunicado.

A maioria dos pacientes com ACP tem cognição normal desde o início, mas no momento da primeira consulta diagnóstica, em média 3,8 anos após o início dos sintomas, os médicos já conseguem identificar sinais de demência leve ou moderada, com déficits na memória, função executiva, comportamento e fala e linguagem, de acordo com as descobertas dos pesquisadores.

No momento do diagnóstico, 61% demonstraram “dispraxia construtiva”, uma incapacidade de copiar ou construir diagramas ou figuras básicas; 49% tinham “déficit de percepção espacial”, dificuldades em identificar a localização de algo que viram; e 48% tinham “simultanagnosia”, uma incapacidade de perceber visualmente mais de um objeto por vez. Além disso, 47% enfrentaram grandes desafios com cálculos matemáticos básicos e 43% com leitura.

“Precisamos de mais consciência sobre o ACP para que possa ser sinalizado pelos médicos”, disse Chapleau, em comunicado. “A maioria dos pacientes consulta o oftalmologista quando começa a apresentar sintomas visuais e pode ser que ele também não saiba reconhecer a ACP. Precisamos de melhores ferramentas em ambientes clínicos para identificar esses pacientes precocemente e tratá-los”.

A idade média de início dos sintomas da ACP é 59 anos, vários anos mais cedo que o surgimento dos sintomas da doença de Alzheimer típica. Esta é outra razão pela qual os pacientes com ACP têm menos probabilidade de serem diagnosticados, acrescentou Chapleau.

A identificação precoce da ACP pode ter implicações importantes para o tratamento da doença de Alzheimer, disse o coautor Renaud La Joie, também do Departamento de Neurologia, Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia San Francisco. No estudo, os níveis de amiloide e tau, identificados no líquido cefalorraquidiano e nos exames de imagem, bem como nos dados da autópsia, corresponderam aos encontrados em casos típicos de Alzheimer.

Uma melhor compreensão da ACP é “crucial para o avanço do atendimento ao paciente e para a compreensão dos processos que impulsionam a doença de Alzheimer”, disse o autor sênior Gil Rabinovici, diretor do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer da Universidade da Califórnia San Francisco, em comunicado. “É fundamental que os médicos aprendam a reconhecer a síndrome para que os pacientes possam receber o diagnóstico, aconselhamento e cuidados corretos”.

“Do ponto de vista científico, realmente precisamos entender por que o Alzheimer tem como alvo específico as áreas visuais e não a memória do cérebro. Nosso estudo descobriu que 60% dos pacientes com ACP eram mulheres — melhor compreensão de por que elas parecem ser mais suscetíveis é uma área importante de pesquisas futuras”, completou Rabinovici.

(Foto: Reprodução)

Autor: O Sul

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