Sintomas da gripe aviária: quais aves são afetadas e como o vírus se espalha
Medidas de biossegurança são essenciais para proteger galinhas da gripe aviária

Com a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, o alerta se voltou não apenas para os impactos econômicos, mas também para os riscos entre espécies de aves. Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o vírus da influenza aviária tipo A pode circular silenciosamente entre animais silvestres e domésticos, com potencial para provocar surtos devastadores em plantéis comerciais.
A gripe aviária é causada por subtipos do vírus da influenza A classificados pela combinação de duas glicoproteínas: hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Aves são suscetíveis a uma grande variedade desses subtipos — os mais perigosos para galinhas e perus são os H5 e H7, responsáveis pelos casos de alta patogenicidade, com mortalidade que pode ultrapassar 90% dos animais infectados.
Quais aves podem pegar gripe aviária?
A Embrapa destaca que os principais reservatórios naturais do vírus são as aves aquáticas silvestres, como patos, marrecos, gansos, cisnes, maçaricos e gaivotas, que frequentemente não apresentam sintomas e ajudam a disseminar a doença por rotas migratórias.
Entre as aves domésticas, as galinhas e os perus são extremamente vulneráveis à infecção, especialmente quando em contato com aves aquáticas ou ambientes contaminados. Codornas e patos domésticos também podem funcionar como intermediários, servindo de ponte entre o vírus silvestre e as aves de produção.
Espécies mais citadas pela Embrapa como hospedeiras:
Silvestres: patos selvagens, marrecos, gansos, cisnes, maçaricos, gaivotas, garças, batuíras
Domésticas: galinhas, perus, patos domésticos, codornas
Outras suscetíveis: tecelões, falcões, papagaios, cacatuas e ratitas como o avestruz
Essas aves podem carregar subtipos diferentes do vírus, com impacto variável de acordo com o hospedeiro.
Quais os sintomas da gripe aviária nas aves?
Os sinais clínicos variam conforme a patogenicidade do vírus. Nos casos de alta patogenicidade (HPAI), o principal sintoma é a morte súbita em larga escala — às vezes, sem qualquer manifestação prévia.
Sinais comuns em aves domésticas:
Tosse, espirros e secreção nasal
Queda na postura de ovos e alterações na casca
Hemorragias nas pernas e barbela
Inchaço da cabeça, crista e juntas das pernas
Diarreia, desidratação e falta de coordenação motora
Lesões internas observadas em necropsias:
Hemorragias na traqueia, ovários, intestino e músculos
Edema na cabeça e nas vias respiratórias
Penas e crista com coloração roxa
Segundo a Embrapa, perus apresentam sintomas similares, mas podem reagir de forma menos agressiva. Já patos infectados com vírus altamente patogênico podem excretar o vírus sem apresentar sintomas, o que os torna particularmente perigosos para disseminação silenciosa.
Como o vírus é transmitido entre as aves?
A transmissão ocorre de forma eficiente por contato direto e indireto. As principais rotas são:
Secreções respiratórias e fezes contaminadas
Água contaminada de lagos, tanques ou bebedouros
Contato com carcaças de aves mortas
Ração, ovos quebrados e materiais de transporte (roupas, equipamentos e veículos)
O vírus da gripe aviária pode sobreviver por semanas em ambientes frios e úmidos, especialmente em fezes ou água. Em patos, a excreção viral pode durar até 30 dias após a infecção.
A transmissão vertical (da ave para o ovo) ainda não foi confirmada com clareza, mas o vírus pode ser detectado na casca de ovos por até 3 ou 4 dias após a infecção.
O que fazer se houver suspeita em aves?
A orientação da Embrapa é clara: não mexer nos animais e manter distância segura. Em caso de:
Aumento repentino da mortalidade
Comportamento nervoso (andar cambaleante)
Falta de coordenação motora ou sinais respiratórios
Deve-se acionar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial da região. Apenas profissionais treinados podem coletar amostras, realizar necropsias e acionar o Plano de Contingência do Ministério da Agricultura.
Como proteger plantéis comerciais?
Para evitar a entrada do vírus em criações comerciais ou de subsistência, a Embrapa recomenda:
Não misturar espécies no mesmo aviário, especialmente galinhas e aves aquáticas
Cercar galpões com telas para impedir entrada de aves silvestres
Adquirir aves apenas de plantéis certificados pelo MAPA
Evitar visitas a propriedades com suspeita da doença
Impedir contato com lagos e fontes de água abertas frequentadas por aves migratórias
Por que o monitoramento é essencial?
Mesmo vírus de baixa patogenicidade (LPAI), como o H9N2, podem causar perdas econômicas e, em algumas situações, já foram associados a casos humanos leves. O maior risco, segundo a Embrapa, está nos subtipos H5 e H7, que têm potencial para mutações rápidas e podem evoluir para formas letais.
A notificação de qualquer infecção por esses subtipos — mesmo em aves silvestres — é obrigatória, pois serve como alerta para o risco de adaptação do vírus em aves domésticas, com impacto direto na saúde pública e no comércio internacional.
Foto: Valdir Avila / Embrapa / Divulgação
Autor: Rádio Guaíba
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