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Satélites mostram que a chuva mudou o mapa do Rio Grande do Sul

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A dimensão dos efeitos da chuva no Rio Grande do Sul podem ser vistos do espaço. Imagens de satélite mostram como a chuva elevou demais os níveis dos rios, deixa muitas áreas inundadas e transformou o mapa do estado gaúcho durante a primeira quinzena do mês de setembro.

Somente a primeira metade do mês no Rio Grande do Sul registrou acumulados de chuva de 431,6 mm em Caçapava do Sul, 415,6 mm em Passo Fundo, 404 mm em Cruz Alta, 400,8 mm em Serafina Corrêa, 395,4 mm em Santiago, 374,2 mm em Santa Maria 365,4 mm  em São Vicente do Sul, 350,8 mm em São Luiz Gonzaga, 347,2 mm em Tupanciretã, 339,3 mm em Canguçu, 327,4 mm em Encruzilhada do Sul, 330,8 mm em Dom Pedrito, 330,6 mm em Capão do Leão, 310,2 mm em Rio Grande, 302,2 mm em Alegrete, e 300,8 mm em Bagé.

 

Na região metropolitana de Porto Alegre, os volumes também foram excepcionais para apenas duas semanas. No Vale do Sinos, a estação de Campo Bom registrou entre os dias 1º e 15 de setembro um volume de 287,6 mm. Em Porto Alegre, a primeira quinzena de setembro somou 269,3 mm no Jardim Botânico e 242 mm em Belém Novo.

Os acumulados de chuva em muitos cidades do estado ficaram entre o dobro e o triplo da média histórica de precipitação do mês inteiro. As médias históricas de precipitação para o mês de setembro no Rio Grande do Sul, de acordo com a série histórica 1991-2020, são de 97,0 mm em Santa Vitória do Palmar, 110,8 mm em Rio Grande, 128,7 mm em Pelotas, 138,3 mm em Torres, 146,6 mm em São Luiz Gonzaga, 147,8 mm em Porto Alegre, 155,3 mm em Santa Maria, 160,4 mm em Encruzilhada do Sul, 162,5 mm em Cruz Alta, 163,1 mm em Caxias do Sul, 165,5 mm em Passo Fundo, 169,9 mm em Bom Jesus e 175,1 mm em Iraí.

 

O último balanço oficial da Defesa Civil do Rio Grande do Sul hoje informou que subiu para 48 o número de mortos como efeito da chuva extrema no estado. O saldo foi atualizado nesta sexta após a confirmação da morte de uma mulher de 99 anos que ficou agarrada a uma parreira por nove horas no município de Roca Sales e tinha sido hospitalizada após ser resgatada.

Com isso, o saldo agora tem 16 mortes confirmadas em Muçum, 15 em Roca Sales, cinco em Cruzeiro do Sul, três em Lajeado, duas em Ibiraiaras, Estrela e Colinas, e uma morte em Bom Retiro do Sul, Encantado, Imigrante, Mato Castelhano, Passo Fundo e Santa Tereza, totalizando as 48 vítimas. Há nove desaparecidos: Muçum (4), Lajeado (2), Arroio do Meio (1), Encantado (1) e Roca Sales (1). O saldo de feridos atinge 943.

A Defesa Civil estadual contabiliza 103 municípios afetados, vários em situação de emergência. Porto Alegre publicou nesta sexta o seu decreto de situação de emergência. Ontem, o Guaíba atingiu a terceira maior cota desde a enchente de 1941 com 2,70 metros com alagamentos em vários bairros próximos do manancial. Foram registrados 4.898 desabrigados e 20.969 pessoas desalojadas.

O Rio Grande do Sul teve nesta sexta-feira o primeiro dia de tempo muito aberto e com amplos períodos de céu claro depois do último evento de chuva que afetou mais cidades do Oeste, do Centro e do Su do estado. Com isso, foi possível pela primeira vez observar a partir de imagens de satélite os efeitos da chuva na paisagem do território gaúcho.

O mapa do Rio Grande do Sul se transformou com as mais recentes chuvas. As imagens abaixo são do sensor MODIS satélite Terra da agência espacial norte-americana NASA. Elas mostram como estava o Rio Grande do Sul na manhã de 29 de abril deste ano, sob quadro de normalidade, e como estava na manhã de hoje.

Rio Grande do Sul em 29 de abril de 2023 em condições normais | NASA

Rio Grande do Sul hoje con muitas inundações e vários rios sob grande cheia | NASA

Impressiona a enorme diferença entre as duas imagens. Destacam-se na imagem da manhã desta sexta-feira, pelas suas grandes cheias, as bacias dos Rios Jacuí, Santa Maria, Ibirapuitã e Santa Maria. Observam-se ainda muitas áreas inundadas nas proximidades da Lagoa dos Patos, nas duas margens, e entre Santo Antônio da Patrulha e Gravataí. No Sul, as imagens apontam que pelos alagamentos, a Lagoa Mirim se uniu a Lagoa dos Patos pelo alto nível do Canal São Gonçalo.

A bacia que mais chama a atenção nas imagens de satélite de hoje, obviamente, é a do Rio Jacuí. Na imagem do satélite Terra é fácil enxergar como o Jacuí passa por uma grande cheia com muita água entre o Centro do estado e a área de Porto Alegre ao longo do rio e os cursos d´água que nele desaguam.

Bacia do Jacuí no final de abril | NASA

Bacia do Jacuí hoje com grande enchente | NASA

O impacto da chuva é tão impressionante no mapa do Rio Grande do Sul pelas grandes cheias dos rios que as inundações podiam ser vistas hoje até por meio das imagens do satélite principal de previsão do tempo principal para a área, o GOES-16, com imagens radicalmente distintas que se costuma observar do estado. Também no GOES-16 o registro que mais chamava a atenção era o do Jacuí.

Isso explica que, mesmo após o vento Sul ter cessado, o Guaíba siga com o nível muito alto. Com o vento não mais contribuindo para represamento do Guaíba no Norte da Lagoa dos Patos, o nível no Cais Mauá à tarde estava estabilizado entre 2,50 metros e 2,52 metros, marcas muito altas, porém abaixo do pico histórico (terceiro maior desde a cheia de 1941) de ontem de 2,70 metros. O Guaiba se mantém muito elevado justamente devido à grande cheia do Rio Jacuí que se eleva entre o Centro gaúcho e a o delta na capital.

Imagens de satélite como as de hoje dos rios em níveis altíssimos entre o Oeste, o Centro e o Sul gaúcho com muitas áreas alagadas não se via há oito anos. A última vez foi em 2015, durante o Super El Niño daquele ano, que trouxe sucessivas cheias entre o inverno e a primavera. A maior de todas em Porto Alegre, em outubro, elevou o Guaíba a 2,97 metros e as águas chegaram a transbordar no Cais Mauá com as ondas, embora a cota de extravamento no local seja de 3,00 metros.

 

Autor: MetSul

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