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Sábado, a primavera desembarca no Hemisfério Sul

 Primavera, música de Cassiano e Sílvio Rochael gravada em 1970 por Tim Maia, é uma espécie de hino para saudar a chegada da nova estação. Há um inegável romantismo na letra: “Porque é primavera; Te amo; É primavera, te amo; Meu amor”. Mas, além das flores e dos lindos campos coloridos, a estação não é das mais comportadas e traz muitos transtornos. Essa conduta também está na mesma música, cujo subtítulo é “Vai Chuva”. E, efetivamente, vem mais chuva nesse final de setembro. A rosa para presentear a namorada estará bem regada, pois no próximo dia 29 temos a data alusiva a São Miguel, que lembra a enchente com o seu nome. O pólen das lindas flores já está no ar, para desespero das pessoas alérgicas. E, ainda, há um delicado e apreensivo momento nas lavouras diante do excesso de umidade.

Equinócio da primavera

“A primavera inicia às 03h50 do próximo sábado (23 de setembro) e termina às 00h27 de 22 de dezembro”, explica Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo. “É o equinócio da primavera, quando o dia e a noite têm a mesma duração em qualquer ponto do planeta”. Isso significa que é o momento em que começa a primavera no Hemisfério Sul e, simultaneamente, o outono no Hemisfério Norte. Nesse posicionamento alinhado entre a inclinação da Terra em relação ao Sol, os períodos são de transição entre inverno e verão. De acordo com Cunha, os espaços entre as estações extremas são marcados por muitos eventos.

“Poética e problemática”

“É uma estação poética e problemática. A primavera de muito romantismo, flores e amores também é um problema para a Defesa Civil. É uma época com muitos eventos, especialmente os temporais que ocorrem nos finais de tarde, com granizo, vendavais e chuvas extremas”, alerta o pesquisador da unidade da Embrapa em Passo Fundo. “Além dos excessos de chuvas, ainda temos outro problema para à saúde. Os alérgicos sofrem muito com a floração, pois tem mais pólen no ar”. E não atribua culpabilidade apenas às lindas flores que nos cercam, pois as gramíneas que estão por todos os lados também têm responsabilidade pelos espirros. “Azevém, trigo, aveia, enfim, o pólen está no ar”, completa Gilberto. E não pensem que para isso é necessário estar lá no meio do campo, pois o pólen voa longe e chega até os centros urbanos para ingressar em incautas narinas.

Fungos e erosão

Já o excesso de chuvas atinge diretamente as lavouras. Depois de muitos dias exageradamente chuvosos, o solo está encharcado. “Isso é preocupante para o agro, pois é previsto que vem mais chuvas. As culturas de inverno, como trigo e cevada, sofrem com as doenças fúngicas de espigas”, diz Cunha. Isso ocorre devido ao excesso de umidade e temperaturas elevadas, que criam um ambiente propício ao desenvolvimento de fungos. “Toda atenção para outubro em relação aos cereais de inverno, em termos de qualidade e produtividade. A erosão do solo pode causar o arrasto de nutrientes e um impacto negativo nas lavouras. É bom ficar de olho na enchente de São Miguel”, alerta o pesquisador.

El Niño

Nada poético, El Niño está sobre nós representado por uma nuvem escura carregada de chuva em dias abafados. Não bastassem as peripécias da estação intermediária, o fenômeno deve acentuar os problemas. Até a quinta-feira, 21/09, a Estação de Meteorologia da Embrapa registrou 472mm de chuvas, quase o triplo da média para setembro. “É um dos anos mais chuvosos da história nesse mês, cuja média é de 165mm. Com o El Niño as chuvas estão muito acima do padrão normal do clima no Rio Grande do Sul”, destaca Gilberto Cunha. Então, mesmo que o amor esteja no ar úmido e repleto de pólen, é bom ficar atento às incertezas do tempo. E, é claro, com dedos cruzados pois estamos ingressando na época da enchente de São Miguel. Enfim, é primavera!

Autor: O Nacional

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