Rio atmosférico vai favorecer novos episódios de chuva localmente muito intensa hoje e amanhã no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina com acumulados isolados de precipitação extremamente altos em curto período, adverte a MetSul Meteorologia.
METSUL
Modelos numéricos de previsão do tempo indicam que um rio atmosférico (corredor atmosférico de umidade) vindo da Amazônia atua no final desta semana no Centro e no Nordeste da Argentina, Uruguai e parte do Sul do Brasil.
O rio atmosférico traz abundante umidade com elevados índices de água precipitável, o que ao interagir com a massa de ar quente que cobre a região, favorece episódios de chuva muito forte e intensa localizados.
Alguns destes episódios podem trazer volumes de chuva excessivamente altos em curto período, da ordem de 100 mm a 200 mm em menos de três horas, de forma localizada. Ou seja, chuva de um mês ou mais em um par de horas em setores isolados.
Com isso, torna-se alto o risco de episódios localizados de alagamentos e inundações em áreas urbanas e zonas rurais, podendo se produzir ainda o transbordamento de arroios e córregos, além de deslizamentos de terra e quedas de barreiras em áreas de relevo.
Tais ocorrências de chuva muito forte a extrema isoladas tendem a se produzir mais em horas da tarde para a noite, devido ao aquecimento diurno que estimula a formação de nuvens de maior desenvolvimento vertical.
Conforme a análise da MetSul Meteorologia, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm um risco aumentado destes eventos de chuva excessiva localizada nos dias de hoje e amanhã por conta do corredor de umidade. Não é possível, porém, pontuar quais locais serão afetados ante o caráter isolado de microescala destes eventos.
Há situação de bloqueio atmosférico no Sudeste do Brasil que inibe a chuva na maior parte da região, fazendo com que o corredor de umidade vinda da Amazônia esteja com uma orientação mais a Oeste, e que no momento afeta parte do Sul do Brasil e os países vizinhos.
Além de chuva localmente muito volumosa, o rio atmosférico ao interagir com a massa de ar muito quente e instável favorece a ocorrência de temporais isolados que, em alguns pontos, podem ser fortes a severos com granizo e vendavais capazes de causar danos.
O que são os rios atmosféricos
Os rios atmosféricos são regiões longas e concentradas na atmosfera que transportam ar úmido dos trópicos para latitudes mais altas. O ar úmido, combinado com ventos de alta velocidade, produz chuva pesada e neve ao atingir o continente, especialmente em terrenos montanhosos.
Esses eventos extremos de precipitação podem levar a inundações repentinas, deslizamentos de terra e danos catastróficos à vida e à propriedade. Quando os rios atmosféricos passam sobre a terra, eles podem causar condições semelhantes a de ciclones intensos com chuvas torrenciais, vento muito forte e alturas de ondas significativas na costa.
Embora os rios atmosféricos tenham muitas formas e tamanhos, aqueles que contêm as maiores quantidades de vapor de água e os ventos mais fortes podem criar chuvas e inundações extremas, muitas vezes parando sobre bacias hidrográficas vulneráveis a inundações.
Entretanto, nem todos os rios atmosféricos causam danos. A maioria deles é de sistemas fracos que geralmente fornecem chuvas benéficas que são cruciais para o abastecimento de água. Os rios atmosféricos são uma característica fundamental no ciclo global da água e estão intimamente ligados ao abastecimento de água e aos riscos de inundação.
A escala de intensidade desenvolvida na Califórnia classifica esses rios atmosféricos de AR-1 a AR-5 (sendo o AR-5 o mais intenso) com base em quanto tempo duram e quanta umidade transportam. A escala ajuda as comunidades a saber se um rio atmosférico trará benefícios ou causará danos.
Chuva extrema isolada atingiu o Rio Grande do Sul ontem
Um episódio de chuva extrema localizado atingiu no final da tarde e no começo da noite de ontem municípios da região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, com alagamentos, enxurradas, transbordamento de cursos d´água e mesmo enchente.
METSUL
A chuva em apenas duas horas somou entre 100 mm e 150 mm em diferentes pontos da região por conta das nuvens carregadas que se formaram com o calor e despejaram uma enorme quantidade de água sobre a região em curto período.
As intensas precipitações causaram alagamentos e enxurradas em Salvador do Sul, São Pedro da Serra, São José do Sul, Montenegro, São Sebastião do Caí, Bom Princípio, Harmonia e Maratá, dentre outros municípios do Vale do Caí.
Maratá e São José do Sul são dois dos municípios que foram mais castigados pela chuva extrema do fim da tarde e do começo da noite com enchente e deslizamentos de terra. As águas invadiram o centro da cidade de Maratá no início da noite, mas por volta das 22h a inundação repentina começava a recuar. Houve deslizamento de terra na BR-470.
Autor: MetSul
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