Produtores alertam na Expodireto para oportunidade sustentável e econômica da erva-mate

Enquanto o mercado global busca soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, a cadeia da erva-mate quer ser reconhecida como parte da resposta. Na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado do Rio Grande do Sul (Sindimate/RS), Álvaro Luiz Bozzetto Pompermayer, chamou a atenção ao abordar as oportunidades de transformar a tradição gaúcha em oportunidade econômica.
Para o presidente do Sindimate/RS, os ervais implantados precisam fazer parte da legislação de crédito de carbono.
“Somos o extrativismo da floresta em pé. Um dos grandes coletores de crédito de carbono e não podemos desprestigiar isso. Todo produtor faz seu trabalho com qualidade e responsabilidade”, destacou.
No 17º Fórum Florestal/RS, Pompermayer exclamou que as autoridades e representantes do continente europeu, entre outros, deveriam conhecer pessoalmente o Brasil e o Rio Grande do Sul.
“A Europa depende do Brasil agora, do crédito de carbono. Eles também podiam colaborar com a natureza fazendo um reflorestamento de 15% a 20% das suas áreas”, desabafou. “Eles precisam visitar nossas propriedades, municípios e a realidade”, desabafou.
Segundo Pompermayer, o Rio Grande do Sul é um preservador de florestas e destacou a Indicação Geográfica (IG) conquistada em 4 de fevereiro pela região de Machadinho como produtora de erva-mate com o selo de Indicação de Procedência (IP), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
A presidente da Associação dos Produtores de Erva-Mate de Machadinho (Apromate), Selia Felizari, realizou o anúncio oficial da conquista na Expodireto Cotrijal, nesta quinta-feira. Conforme ela, até o final do ano estarão disponíveis produtos para a comercialização com o selo da IG com a cultivar denominada Cambona 4 que teve origem em Machadinho na década de 1970 e caracteriza-se por um sabor mais suave.
Além de Machadinho, a IG conquistada compreende a produção da cultivar nos municípios de Barracão, Cacique Doble, Machadinho, Maximiliano de Almeida, Paim Filho, Sananduva, Santo Expedito do Sul, São João da Urtiga, São José do Ouro e Tupanci do Sul.
“É a primeira IG para erva-mate no Rio Grande do Sul”, comemora Selia, destacando que a Apromate possui 591 associados.
Conforme a dirigente, além do mercado interno nacional, no exterior o Uruguai é o principal comprador da erva-mate da região. Mas há consumidores em localizações bem mais distantes, como Alemanha e até Turquia. Por motivo diferente, a instituição francesa Livelihoods Funds também está interessada na planta nativa do Rio Grande do Sul, precisamente no potencial de gerar créditos de carbono.
O coordenador dos Programas de Erva-mate e Café da ONG Fundação Solidariedad, Gabriel Defini, é o responsável por realizar a aproximação da instituição europeia e os produtores gaúchos e o poder público.
“A erva-mate pode ser considerada uma das principais ferramentas que a agricultura possui para trabalhar a descarbonização pelo fato de que o sequestro que promove a remoção está linkado à geração de biomassa na planta e isso se relaciona com as taxas de produtividade e ao modelo de negócio de produzir erva mate”, detalhou.
A expectativa é iniciar um projeto em 2026 em novas áreas ou na recuperação de degradadas que seriam convertidas para a produção de erva-mate. Os terrenos escolhidos seriam cultivados com a adoção de tecnologias de baixa emissão de emissão de carbono em três polos prioritários no Rio Grande do Sul: Alto Uruguai, Missões Celeiro e Nordeste Gaúcho. “Porém, temos ainda a necessidade de trabalhar a composição financeira do projeto junto a governos e iniciativas privadas para que a gente possa ter a estruturação e a infraestrutura necessária”, finalizou.
Autor: Correio do Povo Acompanhe as Redes Sociais da Destaque News e receba as notícias atualizadas em tempo real. WHATSAPP , TELEGRAM , FACEBOOK , INSTAGRAM , TWITTER