
Após dois dias de obstrução protagonizada pela oposição, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu sentar em sua cadeira e abrir oficialmente a sessão da Casa, pouco após às 22h20 da quarta-feira. Apesar de grande pressão e esforço dos parlamentares bolsonaristas que ocupavam as cadeiras da mesa diretora, durante os últimos dois dias.
A oposição adotou diversas táticas para ocupar as mesas da Câmara e do Senado desde que a prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada, na segunda-feira, passando a noite no plenário da Casa. Os deputados usaram esparadrapos para cobrir a boca e os olhos e a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) chegou a levar a filha de quatro meses para o plenário e sentou-se na cadeira de Motta com a bebê ao longo do dia. Na Casa Alta, alguns senadores chegaram a se acorrentar à mesa utilizada para comandar os trabalhos.
Abertura. “A lista de presença registra o comparecimento de 298 senhoras e senhores deputados. Está aberta a sessão”, declarou Motta, enquanto que parlamentares bolsonaristas comemoraram gritando “Anistia Já”, enquanto outros bradavam “respeita o Congresso”.
Após a abertura da sessão, houve outro momento de tensão com os pedidos reiterados de Motta para que os parlamentares da oposição deixassem o espaço da Mesa. “Quero solicitar aos demais membros da Mesa para tomarem seus assentos pela gravidade do momento e solicitar aos demais parlamentares que deixem espaço para a Mesa trabalhar.”
Motta mostrou-se irritado com a situação. “Quero solicitar aos deputados que estão no plenário que possamos manter a ordem para que a sessão possa ocorrer da melhor forma possível. Quero contar com a colaboração de todos para que tenhamos respeito. Não vai ser na agressão que nós vamos resolver esse problema. Nós queremos aqui, até para que tenhamos a paridade, e a Mesa possa se manifestar sobre o que tem acontecido nos últimos dias, eu peço a todos de maneira educada que possamos deixar espaço para a Mesa”, avisou, enquanto tentava iniciar a sua fala.
Da cadeira da presidência da Casa, Motta afirmou que estava presente “para garantir duas coisas”. “Primeiro, a respeitabilidade a esta Mesa, que é inegociável, com quem quer que seja. E o segundo motivo é para que esta Casa possa se fortalecer. Nós temos um compromisso muito firme com o fortalecimento do Parlamento brasileiro”, enfatizou.
Em sua fala não se comprometeu a colocar em pauta o projeto da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, e até abrangendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma das demandas apresentadas pelo grupo bolsonarista. “O compromisso que assumi com todas as lideranças é de seguirmos dialogando. Continuar dialogando sobre todas essas pautas sem inflexão”, afirmou.
Ao término da sua fala, o plenário em seguida se esvaziou. Em seu discurso, afirmou que será convocada uma nossa sessão, porém, sem informar data ou horário.
Tensão. A sessão acabou por colocar fim dois dias de intensa tensão e muitas reuniões. Motta afirmou ter conversado com muitos líderes na terça-feira ao telefone e, ontem, presencialmente com todos. Chegou-se a discutir a possibilidade de suspender os deputados que o impedissem de assumir o cargo.
Enquanto isso, os integrantes do movimento bolsonaristas anunciavam que não havia acordo e que a mobilização permaneceria. Tanto que, após o acerto para dar início à sessão, que inicialmente estava prevista para as 20h30min, Motta entrou no plenário e teve dificuldade de assumir a sua cadeira diante da resistência de alguns deputados, como Marcel van Hattem (Novo-RS).
Senado. Na outra Casa, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), determinou a realização de sessão remota da Casa nesta quinta-feira, às 11h. “Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, afirmou Alcolumbre.
A sessão remota desta quinta-feira será feita para votar a medida provisória que aumenta a isenção do imposto de renda para até dois salários mínimos. “A decisão tem por objetivo garantir o funcionamento da Casa e impedir que a pauta legislativa, que pertence ao povo brasileiro, seja paralisada. A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, escreveu Alcolumbre.
A nota do presidente do Senado vem depois de uma reunião realizada com líderes partidários para debater uma reação à obstrução feita por senadores da oposição.
Autor: Correio do Povo Acompanhe as Redes Sociais da Destaque News e receba as notícias atualizadas em tempo real. WHATSAPP , TELEGRAM , FACEBOOK , INSTAGRAM , TWITTER