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Porto Alegre, uma zona de guerra – veja imagens

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Fogo e fumaça em meio às inundações após explosão em posto de combustível na Avenida Cairu que deixou duas pessoas feridas durante os resgates no Quarto Distrito | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Não havia bombas ou mísseis atingindo as cidades, mas o que se testemunhou neste sábado em Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana lembrou cenas de uma zona de guerra, no que muito possivelmente tenha sido o dia mais dramático já vivido pela Grande Porto Alegre.

O Guaíba não parou de subir ao longo do dia e pela primeira vez na história ultrapassou a marca de 5 metros. No começo da noite de sábado, de acordo com informações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o nível era de 5,27 metros.

Praticamente todas as cidades da Grande Porto Alegre estavam convulsionadas com inundações catastróficas, moradores apelando por resgates nos telhados de suas casas, pessoas buscando refúgio em viadutos e outros locais elevados, um ritmo frenético de embarcações realizando resgates e os voos constantes de helicópteros cruzando o céu da capital gaúcha.

Nas ruas e avenidas da cidade, o tráfego de veículos de emergência era constante. A todos momento podiam ser vistas viaturas da EPTC, Brigada Militar, Guarda Municipal e Corpo de Bombeiros. Somavam-se aos esforços integrantes da Polícia Civil e até da Polícia Federal, além de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.

A população está em choque com a magnitude da catástrofe que prossegue e tende a continuar por dias. Por onde se anda, o assunto são as enchentes. À medida que cresce o tamanho do desastre, cresce a corrente de solidariedade com centenas de iniciativas da sociedade para acolher desabrigados e oferecer ajuda. Clubes sociais e igrejas abriram suas portas para acolher os desabrigados.

Em Porto Alegre, as águas tomaram as partes baixas do Centro Histórico. Ruas, onde em um sábado normal haveria carros e um formigueiro humano de pessoas nas lojas e no Mercado Público, hoje estavam desertas com água por todos os lados. Repetindo as cenas de 1941, barcos eram vistos navegando na Avenida Borges de Medeiros entre o Paço Municipal e o Mercado.

Barcos em plena Avenida Borges de Medeiros | FERNANDO OLIVEIRA

Porto Alegre está cercada pelas águas. A única forma de entrar e sair da cidade é pela zona Leste, na RS-040, que leva ao Litoral Norte. Todos os demais pontos que ligam a cidade ao restante do estado, Brasil e países vizinhos, como a BR-290 e BR-116, estavam fechados devido à enchente.

Nem pelo ar é possível chegar ou sair de Porto Alegre pela aviação comercial. Com as atividades suspensas por tempo indeterminado desde a sexta-feira, o agravamento da enchente acabou por inundar grande parte do perímetro do Aeroporto Internacional Salgado Filho, Imagens aéreas mostravam as águas do Guaíba cobrindo a pista e os gramados ao redor.

Acesso ao Aeroporto completamente alagado | JONATHAS COSTA/CORREIO DO POVO

Inundação do Guaíba atingiu a pista do Aeroporto de Porto Alegre | REPRODUÇÃO

Pátio do Aeroporto Salgado Filho não escapou da enchente | JONATHAS COSTA/CORREIO DO POVO

Com o aumento do nível do Guaíba, o número de áreas inundadas aumentou durante o sábado. Onde o Guaíba já havia chegado na sexta, a inundação tomou proporção ainda maior. Bairros do Sul da capital, Menino Deus, Praia de Belas, Centro Histórico, Quarto Distrito e Sarandi estavam com muitos pontos alados e vários com setores de inundação severa em que era possível transitar apenas usando embarcações.

Guaíba inunda a Avenida São Pedro | ALEXANDRE AGUIAR/METSUL METEOROLOGIA

Avenida Ceará ficou tomada pelo Guaíba da entrada da cidade até a Avenida São Pedro com altura de um metro de água em alguns trechos | GIULAN SERAFIM/PMPA

Júlio de Castilhos inundada pelo Guaíba no Centro | JULIO FERREIRA/PMPA

Áreas entre a Voluntários da Pátria e Júlio de Castilhos passaram a ser ocupadas por barcos em meio à grande enchente do Guaíba | JULIO FERREIRA/PMPA

Guaíba na Avenida Farrapos | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Guaíba tomou o bairro Navegantes | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Gramado da Arena do Grêmio inundado com o Guaíba | REPRODUÇÃO

Souza Reis, que leva ao aeroporto, tomada pelo Guaíba | RICHARD DUCKER

Em diferentes pontos, as cenas pelas ruas da cidade. Bairro inteiros tiveram que ser evacuados com os moradores percorrer as águas por longas distâncias. No Humaitá, o relato dos moradores é que, em determinados pontos da zona Norte, a água do Guaíba chega a atingir a altura do peito de um adulto.

Imagens aéreas mostram shopping Praia de Belas ilhado | JOSSIANO LEAL

Foto aérea mostra que o Guaíba avançou até a Avenida Benjamin Constant | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O colapso da capital levou à evacuação de parte do Hospital Mãe de Deus, cercado pelas águas no bairro Menino Deus. Veículos do Exército resgaram pacientes e funcionários do hospital. Os apelos se sucediam sobre a população somente buscar atendimento em casos de gravidade, uma vez que os serviços de saúde estavam sobrecarregados com feridos e pessoas sofrendo de hipotermia depois de serem resgatadas. Transporte de oxigênio via helicóptero foi feito para os hospitais Vila Nova e Restinga, no Sul. São Lucas e Criança Conceição também demandaram o insumo.

Ritmo frenético de resgates

Em vários bairros de Porto Alegre, o sábado foi marcado por um ritmo frenético de resgates. A MetSul Meteorologia estava nas ruas para registrar os esforços para salvar vidas e testemunhou na zona Norte momentos dramáticos de famílias inteiras deixando suas casas com água até a cintura e sendo resgatadas com botes, jipes e barcos.

Moradores resgatados na Avenida Cairu | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Embora a presença de um grande contingente de forças públicas, especialmente de bombeiros e da Brigada Militar, a maioria dos resgates era conduzido por voluntários. Grande número de jipeiros a todo momento iam e voltavam pelas avenidas Cairu e Brasil, trazendo moradores.

No mesmo local, no viaduto José Eduardo Utzig, pessoas não paravam de chegar pela Rua Pereira Franco, completamente inundada. A pé, com meio metro de água, ou com ajuda de barcos, a todo momento famílias inteiras alcançavam o viaduto carregando uma mochila nas costas ou uma mala sobre as cabeças.

Moradores da zona Norte caminharam quilômetros em busca de segurança do avanço das águas | ALEXANDRE AGUIAR/METSUL METEOROLOGIA

Eram moradores de vários bairros da zona Norte que foram tomados pelo Guaíba, como Navegantes, Humaitá, Vila Farrapos e São João que caminharam quilômetros nas águas sujas da enchente até alcançar terra firme.

O viaduto de acesso à Terceira Perimetral se transformou em um abrigo a céu aberto. Famílias improvisaram tendas para permanecer em terreno alto. Havia muitas crianças e animais domésticos, trazidos pelos moradores da zona Norte que tiveram de deixar as suas casas.

Explosão e fogo em meio aos resgates

Os resgates ocorriam na Avenida Cairu quando de repente houve uma explosão seguida de incêndio em um posto de combustíveis. Estávamos a poucas dezenas de metros do posto, na Avenida Brasil, filmando e transmitindo pelas nossas redes sociais da MetSul os resgates, quando se ouviu um estouro e uma grande quantidade de fumaça preta começou a se levantar no céu. Os momentos que se seguiram foram de caos e pânico.

Os resgates que ocorriam na Avenida Cairu com aparelhos de jet ski, veículos anfíbios e jipes tiveram que ser interrompidos. Aos gritos, policiais e bombeiros apelavam para os curiosos se afastassem ante o risco de novas explosões. Em um momento dramático, dois homens que estavam no posto foram resgatados com queimaduras pelo corpo.

Dois homens feridos no incêndio e com queimaduras pelo corpo são resgatados por policias e voluntários que minutos antes resgatavam as vítimas da enchente | CARLOS FABAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a explosão teria ocorrido em um gerador de energia. O posto estava inundado. Os feridos foram levados para o Hospital de Pronto Socorro e Hospital Cristo Redentor e estavam em estado grave. Conceição relata que a vítima do incêndio levada para o Cristo Redentor está internada na Unidade de terapia intensiva (UTI).

Águas vencem dique na zona Norte

O Dique do Sarandi, que rompeu em 2013, é um dos pontos mais críticos da cidade. A população das comunidades da Asa Branca, Minuano, Vila Elizabeth e Nova Brasília foram orientadas a deixar suas casas.

Apesar do esforço de contenção, a água começou a extravasar sobre o dique, o que fez com que as águas invadissem a Avenida Assis Brasil e agravasse ainda mais a inundação na zona Norte da capital. Moradores atingidos pela enchente na zona Norte de Porto Alegre, na área do Sarandi, estão sendo resgatados com apoio do Exército e do Corpo de Bombeiros.

Sem luz e sem água

Vários bairros de Porto Alegre estão sem energia elétrica porque a luz foi cortada por razões de segurança em consequência das inundações. Além disso, grande parte da capital enfrenta falta de água. A prefeitura apelou à população que racione água. Com a elevação no nível do Guaíba a mais de cinco metros, quatro das seis estações de tratamento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) estão inoperantes.

Abrigos em vários pontos e segurança contra saques

A Prefeitura de Porto Alegre, com auxílio de parceiros, trabalha para abrir novas vagas em abrigos provisórios e atender as pessoas atingidas pela enchente. O número de locais em operação passou de oito, pela manhã, para quinze, no início da noite deste sábado, 4.

Porto Alegre abre muitos abrigos para acolher desabrigados | ALEX ROCHA/PMPA

A Secretaria Municipal de Segurança disponibilizou barcos à Guarda Municipal para que a corporação retomasse os patrulhamentos preventivos no Centro Histórico. O objetivo é evitar furtos e roubos, em especial aos estabelecimentos comerciais fechados pelo alagamento.

A mobilização visa, também, a proteção dos prédios públicos localizados no bairro. As rondas da Guarda Municipal acontecem de forma integrada com as demais forças de segurança, como Brigada Militar e Polícia Civil. Os agentes da corporação atuam, ainda, no resgate aos moradores da área.

 

Autor: MetSul

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