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Polícia gaúcha desarticula esquema que lavou R$ 2 bi para traficantes em 23 estados

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil deflagrou, nesta quarta-feira, com o apoio do Ministério da Justiça, a quarta fase da ‘Operação Fim da Linha’, para desarticular criminosos dedicados à lavagem de dinheiro para facções atuantes no Rio Grande do Sul e em outros 22 estados. As buscas estão sendo realizadas em 113 municípios da Federação. Foi verificado pela corporação, desde o início das investigações, que os criminosos movimentaram mais de R$ 2 bilhões.

A ação englobou 403 mandados de busca e apreensão e quatro prisões preventivas, além da busca e apreensão de 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. Houve ainda a indisponibilidade de 42 imóveis e 86 veículos, somados ao bloqueio de contas bancárias de 188 investigados, acumulando cerca de R$ 43 milhões em apreensões.

A ação contou com o apoio logístico e operacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, através do Projeto M.O.S.A.I.C.O., viabilizando o trabalho integrado entre as policiais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Roraima, Espirito Santo, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Goiás, Pará, Amazonas, Maranhão, Amapá, Tocantins e Piauí.

Estão sendo empregados 1300 policiais civis dos 23 Estados para o cumprimento das 925 ordens judiciais.

Histórico da investigação 

As investigações começaram em 2021, visando desmantelar uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas no Rio Grande do sul.

Segundo o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco de Passo Fundo, diversas ramificações do grupo foram identificadas, sendo possível comprovar que muitos criminosos comandavam o comércio ilícito de drogas de dentro do sistema prisional, vinculadas, em um primeiro momento, com duas das facções: uma delas atuante no RS e outra em nível nacional.

No curso da investigação, foi identificado o líder da célula desta organização que comandava o tráfico na região norte do RS, sendo realizadas diligências para verificar quem lhe fornecia drogas, para quem ele as revendia, quem trabalhava para ele, quem transportava seu dinheiro e o montante que dele partia para as instâncias superiores da facção criminosa.

Entenda a Operação Fim da Linha

1ª Fase

Em 02 de fevereiro de 2022 foi deflagrada a 1ª fase da Operação Fim da Linha, que investigava a prática de crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, quando foram cumpridos 73 mandados de busca e apreensão e 35 de prisões preventivas.

Tratava-se de uma extensa rede criminosa com ramificações em vários estados da federação e conexões para a remessa de drogas com as cidades de Capitán Bado, Pedro Juan Caballero e Ciudad del Este, todas no Paraguai. Apenas na 1ª fase dessa operação, 37 líderes do tráfico foram presos nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

2ª Fase

Em 10 de fevereiro de 2022 foi deflagrada a 2ª fase com cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão nas cidades de Goiânia/GO; Campo Grande/MS; Ponta Porã/MS; Itapema/SC; Joinville/SC e Gaspar/SC, identificando grupos ligados à lavagem de dinheiro oriundo de organizações criminosas ligadas ao tráfico de vários estados da federação.

3ª Fase

No dia 12 de julho de 2022 foi deflagrada a 3ª fase com o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão. Nesta data foi efetuada a prisão de mais 18 indivíduos ligados à mesma organização criminosa dedicada ao tráfico interestadual e internacional de drogas que age na região norte do estado do Rio Grande do Sul.

Nestas 3 fases e no decorrer das investigações (2022 a 2023) a Draco/Passo Fundo realizou 65 prisões, cumpriu 110 mandados de busca e apreensão, apreendeu 720 quilos de maconha e 26,8 quilos de cocaína, além da apreensão de dezenas de veículos e bloqueios de contas bancárias. Diversos investigados permanecem presos desde a 1ª fase da operação

4ª Fase 

A investigação apurou farto conteúdo relacionado ao tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarros e inúmeras operações bancárias, transferências de dinheiro, depósitos, PIX e números de contas bancárias tanto de pessoas físicas, como de pessoas jurídicas, algumas criadas exclusivamente para lavar o dinheiro das organizações criminosas.

No decorrer da apuração, foi verificada a existência de ‘laranjas’ responsáveis por fornecer contas para o recebimento e repasse dos valores advindos do tráfico para outros escalões da organização.

“Muitas vezes eram pessoas que movimentam vultosas quantias em dinheiro, mas que moram em locais simples, totalmente incompatíveis com as movimentações. Assim como foi constatada a existência de pessoas jurídicas que são tipicamente empresas fantasmas ou que têm suas contas utilizadas exclusivamente para atos de lavagem de dinheiro”, esclareceu o delegado Diogo Ferreira.

Constatou-se ainda a existência de quatro investigados importantes. Um deles movimentou cerca de R$ 6.029.298,27 e outro,R$ 36.512.427,16. Uma empresa fantasma movimentou em poucos meses o montante de R$ 94.913.810,33, enquanto outra também movimentou uma quantia alta, em torno de R$ 27.705.177,57.

Além disso, a investigação apontou que a facção atuante no RS utiliza a estrutura da facção nacional para lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas, contrabando de cigarros e outros crimes. No entanto, durante as análises e diligências, foi possível apurar que estas empresas e pessoas físicas identificadas, além de lavar o dinheiro dessa facção, também branqueavam o dinheiro de outros criminosos.

Autor: Rádio Guaíba

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