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Polícia Federal aponta quatro núcleos em “organização criminosa” dentro da Abin no governo Bolsonaro

Operação da PF foi deflagrada nessa quinta-feira (25).

 

Na investigação que resultou na operação deflagrada nessa quinta-feira (25) para investigar o aparelhamento político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal (PF) apontou a existência de quatro núcleos distintos de uma suposta “organização criminosa” que atuava dentro da agência.

Segundo os investigadores, o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem, seus aliados mais próximos e subordinados dentro da Abin montaram uma estrutura paralela na agência para espionar adversários políticos do governo Jair Bolsonaro. Essa estrutura, segundo a PF, era composta pelos núcleos “Alta-Gestão”, “Subordinados”, “Evento Portaria 157” e “Tratamento Log”.

Ramagem negou a existência da estrutura de uma “Abin paralela” sob a sua gestão, usada com “viés político” para investigar autoridades.

Confira quais são os núcleos e o papel de cada um na Abin paralela, segundo a versão da PF:

Alta-Gestão

O núcleo principal, segundo a PF, era o que reuniu integrantes da agência em cargos de direção, como Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin. As investigações indicam que o grupo utilizou o sistema FirstMile para monitorar a localização de aparelhos celulares de alvos e autoridades públicas. O núcleo Alta-Gestão também comandava supostas operações de contrainteligência e a criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados para a criação de narrativas falsas de interesse do governo.

Faziam parte do grupo, além de Alexandre Ramagem, Carlos Afonso Gonçalves, delegado federal e secretário de Planejamento e Gestão da Abin. Procurados, eles não se manifestaram.

Subordinados

O segundo grupo era formado, em grande parte, pelos policiais federais cedidos à Abin após o início da gestão Ramagem. Esse núcleo era responsável por cumprir as determinações da Alta-Gestão, monitorando os alvos e produzindo relatórios.

Faziam parte desse grupo Marcelo Bormevet, que trabalhava com credenciamento de segurança e pesquisa para nomeações, Felipe Arlotta, policial federal que atuou no Centro de Inteligência Nacional, Carlos Magno Rodrigues, policial federal lotado na Coordenação-Geral de Credenciamento de Segurança, Henrique Zordan, policial federal lotado no Gabinete de Ramagem, Alexandre Ramalho, policial federal e que também trabalhava diretamente com Ramagem, e Felipe Barros Felix, policial federal e lotado no gabinete de Ramagem.

Portaria 157

Esse núcleo é formado pelos servidores responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a uma facção criminosa paulista. O objetivo da operação “Portaria 157” era obter informações sobre a atuação de uma ONG que defendia tema relacionados ao direitos humanos. A PF, porém, aponta que a real finalidade do monitoramento era tentar vincular as atividades da entidade em favor de presos a autoridades como os ministros do Supremo.

O núcleo era composto pelos servidores Ottoney Santos, Thiago Quinalia, Renato Araújo, Rodolfo Nascimento, e Ricardo Macedo.

Tratamento Log

Por fim, o último núcleo identificado pela PF era integrado apenas por Bruno Faria, servidor responsável pelo tratamento dos registros do sistema FirstMile. Era Faria, segundo as investigações, quem incluía no programa os números dos celulares que teriam sido monitorados. A Polícia Federal afirma que integrantes da Abin sabiam da existência de “alvos sensíveis” nos logs do sistema.

O jornal O Globo revelou a utilização do software em março do ano passado. A ferramenta permitia, sem qualquer protocolo oficial, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a última localização conhecida do dono do aparelho.

Ramagem nega

Alexandre Ramagem negou a existência da estrutura de uma “Abin paralela” sob a sua gestão, usada com “viés político” para investigar autoridades, como apontou a Polícia Federal na investigação. Segundo ele, o sistema FirstMile foi adquirido pela Abin no governo do ex-presidente Michel Temer e era usado por servidores da agência.

“Isso não é Abin paralela, é Abin real”, disse em entrevista à Globonews.

O deputado sinalizou que mesmo como diretor da agência, não tinha controle completo sobre o órgão.

“A Abin é enorme e seus departamentos são independentes para fazer seus trabalhos de inteligência. A gente queria organizar como a ferramenta (FirstMile) trabalhava e fizemos auditoria específica para isso. Quando fomos ouvir o diretor responsável pelas senhas e pela gestão para demonstrar como funcionava, quando se negaram a me informar como estavam trabalhando com a ferramenta, eu exonerei esse diretor que era o chefe e encaminhei o procedimento para a corregedoria”, disse.

(Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Autor: O Sul

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