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Pelo segundo dia seguido, o Brasil teve o maior pico de consumo de energia já registrado

O pico de demanda veio acompanhado de apagões em Rio e São Paulo.

 

A onda de calor extremo em grande parte do Brasil levou a um segundo dia de recorde no consumo de energia e a outros problemas também. O calor não dá descanso.

Nessa terça-feira (14), quatro capitais registraram temperaturas acima dos 39º C, e os efeitos da onda de calor não aparecem só nos termômetros. Pelo segundo dia consecutivo, a demanda por energia elétrica bateu recorde no Brasil. À tarde, o consumo ultrapassou 101 mil megawatts, superando os mais de 100 mil megawatts registrados na segunda (13) pelo ONS, o Operador Nacional do Sistema Elétrico.

O pico de demanda veio acompanhado de apagões. Na segunda à tarde, 18 cidades do Rio de Janeiro ficaram sem luz. Entre elas, Itaperuna, onde todos os mais de 100 mil habitantes foram afetados.

“O prejuízo da gente é esse aí, porque é bebida, suco, não tendo gelo não tem como trabalhar”, relata o comerciante Sebastião Borges da Silva.

O ONS afirmou que a falha no Rio foi provocada pelo desligamento de uma subestação e de um circuito da Enel. A empresa disse que o problema foi externo, em uma linha de transmissão.

Também na segunda, a falta de energia atingiu bairros de São Paulo e outras 28 cidades do interior. O ONS disse que houve um desligamento de uma subestação de Furnas, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Furnas informou que já tomou todas as medidas necessárias.

Nessa terça de manhã, as escadas rolantes de uma estação de trem da Zona Oeste de São Paulo pararam de funcionar por uma instabilidade no fornecimento de energia. Desde segunda, a concessionária que administra a linha registrou o mesmo problema em outras quatro estações. A Enel disse que foi uma oscilação momentânea e que o problema já foi resolvido.

Tanto o Operador Nacional do Sistema quanto especialistas do setor elétrico são taxativos: o Brasil tem capacidade de gerar energia suficiente para atender a esse aumento da demanda pelo calor extremo.

O professor Ildo Luís Sauer, da USP, alerta que é preciso investir mais em manutenção dos sistemas de transmissão e distribuição de energia.

“Porque essa oscilação aconteceu, precisa ser investigada. Mas assim como na distribuição, tivemos claramente a origem do problema a ausência de manutenção preventiva centrada em confiabilidade. A demanda, de fato, foi elevada, foi um recorde histórico, mas o Sistema Elétrico Nacional deveria e poderia estar preparado para atender a demanda como ela aconteceu”, afirma.
Roberto Pereira de Araújo, do Instituto Ilumina, explica que, nos últimos anos, o Brasil passou a usar mais das energias solar e eólica, só que a carga gerada por essas fontes varia ao longo do dia. Por isso, é preciso planejar melhor como o momento e a maneira que essa energia entra no sistema.

“Nós temos água o suficiente nos reservatórios, temos combustível para gerar nas térmicas, só não temos certeza se temos o vento na hora certa e o sol na hora certa. Isso transforma o sistema em um sistema que tem alguns desafios elétricos. Não é mais de energia. Energia nós temos. O problema é saber de onde ela vem, em que momento ela vem e o que ela substitui”, diz ele.
O especialista acredita que os extremos climáticos mais frequentes devem levar a uma demanda cada vez maior de energia, e que é preciso que todos os envolvidos na geração e distribuição se coordenem melhor.

“Estamos com um problema climático muito complicado. Nós vamos ter calor maior. Não é verdade que nós não temos capacidade para gerar essa energia, nós temos capacidade. Nós vamos precisar de mais coordenação”, afirma Roberto Pereira de Araújo.

(Foto: Reprodução)

Autor: O Sul

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