O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20 nesta segunda-feira (18) com um discurso no qual defendeu a taxação de super-ricos.
“Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de 250 bilhões de dólares por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, afirmou o presidente, citando estudos encomendados pela Trilha de Finanças do G20.
Durante a sua fala, Lula também cobrou reformas na composição de organismos internacionais, a exemplo da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele lembrou que apenas 51 dos atuais 193 membros das Nações Unidas participaram da fundação da instituição, em 1945.
O presidente criticou que apenas cinco países (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China) tenham cadeira permanente no organismo e usem desse posto para vetar resoluções propostas pela instituição.
Segundo Lula, “não deve haver debates interditados, nem linhas vermelhas intransponíveis”.
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes”, afirmou.
Lula disse que a reunião da cúpula do G20 mobilizou “os líderes das maiores economias e blocos regionais do planeta” e que “não há ninguém em melhor posição do que nós para mudar o curso da humanidade”.
“A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. A pluralidade de vozes funciona como vetor de equilíbrio. O futuro será multipolar. Aceitar essa realidade pavimenta o caminho para a paz”, destacou Lula.
Ajuda financeira dos países desenvolvidos
Em outro ponto do discurso, o presidente brasileiro comentou que “é urgente rever regras e políticas financeiras que afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento”.
Segundo ele, “a cooperação tributária internacional é crucial para reduzir desigualdades”.
“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação”, disse Lula para justificar o argumento dele.
“A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”, acrescentou.
Guerras pelo mundo
Lula também fez menção aos conflitos em curso ao redor do mundo. “Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, disse o presidente.
“Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis” completou.
Ele comentou que “não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência” e “nem que a democracia esteja sob ameaça”.
“A globalização neoliberal fracassou. Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputas hegemônicas”, pontuou.
Lula disse que “permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia”. “Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão da nossa responsabilidade”, frisou.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Autor: Rádio Guaíba
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