Clima

Fenômeno La Niña está muito perto do fim

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O fenômeno La Niña está muito perto do fim, avalia a MetSul Meteorologia. O fenômeno que se caracteriza pelo resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial com reflexos no clima no mundo inteiro, como mais furacões no Atlântico Norte e seca no Rio Grande do Sul e nos países do Prata, dá crescentes sinais dias que vive seus últimos dias neste evento.

 

O monitoramento diário da temperatura da superfície do mar feito pela MetSul aponta que é crescente a área de águas mais quentes do que a média e a diminuição das águas mais frias que marca a La Niña. A tradicional “língua” de águas mais frias na faixa equatorial do Pacífico, que identifica o fenômeno nos mapas de anomalia da superfície do mar já não está presente.

De acordo com o último boletim semanal da NOAA, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a última semana teve anomalia de temperatura da superfície do mar de -0,5ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada para definir se há El Niño ou La Niña.

 

O valor está justo no número que separa La Niña de fraca intensidade (-0,5ºC a -0,9ºC) de um estado de neutralidade (-0,4ºC a +0,4ºC), ou seja, o fenômeno no momento é que o se denomina de borderline ou exatamente no limite.

Já o Pacífico Equatorial Leste, a chamada região Niño 1+2, perto das costas do Equador e do Peru, que costuma impactar as precipitações mais no verão e a temperatura no Sul do Brasil em qualquer época do ano, apresentava na última semana uma anomalia de +0,1, portanto um valor no patamar de neutralidade.

Tal área do Pacífico tem grande correlação com a chuva no Sul do Brasil durante os meses do final do final da primavera e do verão com maior probabilidade de estiagem se estiver em território negativo e maior chance de chuva perto ou acima da média se estiver em terreno positivo.

Chama justamente a atenção como tem aquecido rapidamente as águas do Pacífico Equatorial Centro-Leste. O mapa acima da NOAA mostra as mudanças de temperaturas superficiais das águas nos últimos sete dias em que se constata uma nítida tendência de aquecimento.

Fim da La Niña é o fim da estiagem?

Com a notícia de que a La Niña está prestes a acabar, a pergunta que mais virá do público será: o fim da La Niña significa que a estiagem que assola o Rio Grande do Sul vai acabar? Não, não é tão simples assim. Ideal que acabasse, mas a estiagem vai permanecer ainda por algum tempo.

O que pode ocorrer são episódios de chuva mais frequentes, e apenas em certos períodos, como se antecipara para esta terceira semana de fevereiro, mas a atmosfera não funciona como virar uma chave, logo o término da La Niña não termina a estiagem de imediato.

Isso porque a atmosfera ainda responde por um certo tempo ao padrão que predominava, no caso nos últimos três anos, uma vez que este é um evento de La Niña com três anos de duração, que começou ainda em 2020, o que não ocorria há mais de 20 anos.

O que vem depois da La Niña?

Só pode haver uma resposta para a fase seguinte ao evento de La Niña: um período sob estado de neutralidade. O Pacífico tem três fases possíveis que são La Niña, neutralidade e El Niño. Não se passa direto de Niña para Niño ou vice-versa sem um período de neutralidade, seja ele curto ou longo.

Muitas vezes neutralidade no sinal das águas do Pacífico é confundida com normalidade, até por meteorologistas, mas são situações distintas. Neutralidade não é normalidade. Quando o Pacífico Equatorial está neutro, podem ocorrer extremos comuns aos sinais tanto de El Niño como de La Niña. E saindo de um evento de três anos de resfriamento, a tendência nos momentos iniciais da fase neutra é de um padrão ainda mais perto de La Niña.

Os dados indicam que o final do verão e o começo do outono devem se dar com neutralidade no Oceano Pacífico. Mais tarde, em meados do outono – mais para o fim – e no inverno pode se instalar um evento de El Niño, conforme múltiplas projeções de modelos de clima e oceânicos de longo prazo.

As projeções da Universidade de Columbia, de Nova York, indicam para este trimestre de fevereiro a abril, quando do começo da colheita da safra de verão, probabilidade de 80% de neutralidade, 19% de La Niña e 1% de Niño. No trimestre de março a maio, o de outono, que marca o auge da colheita, 6% de La Niña, 88% de neutralidade e 6% de El Niño.

No trimestre de abril a junho, quando ainda há colheita, 3% de probabilidade de La Niña, 74% de neutralidade e 23% de El Niño. No trimestre de maio a julho que encaminha o inverno de 2023, 4% de chance de La Niña, 52% de neutro e 44% de El Niño.

No trimestre de junho a agosto, o de inverno em 2023, 5% de probabilidade de La Niña, 41% de neutralidade e 54% de El Niño. No trimestre de julho a setembro, importante para a safra de inverno e o trigo, 5% de probabilidade de La Niña, 38% de neutralidade e 57% de El Niño.

Já no trimestre de agosto a outubro, que cobre já dois terços da primavera climática, 9% de La Niña, 38% de neutralidade e 53% de probabilidade de El Niño. Por fim, no trimestre de setembro a novembro, o da primavera na climatologia, 11% de La Niña, 34% de neutro e 55% de El Niño.

O que é La Niña

A La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas superficiais da faixa equatorial do Oceano Pacífico com a alteração do regime de vento na região que impacta o padrão de circulação geral da atmosfera em escala global, inclusive no Brasil. Quando há um evento de La Niña há uma tendência de a Terra esfriar ou na fase atual de apresentar aquecimento menor que haveria estivesse sob El Niño.

No caso do Rio Grande do Sul, há estudos mostrando efeitos em produtividade agrícola pelas diferentes fases do Pacífico. Estes trabalhos levam em conta décadas de dados. Quando sob neutralidade a produtividade ficou acima da média em um terço dos anos, abaixo da média em outro terço e acima no terço restante.

Sob El Niño, a tendência maior foi de aumento de produtividade e com La Niña verificou-se uma probabilidade maior de perdas na produção. Há uma propensão a se fazer uma correlação entre El Niño e mais chuva no Sul do Brasil e La Niña a um maior risco de estiagem, mas esta é uma fórmula distante de correta e existem muitas ressalvas a serem feitas do ponto de vista histórico.

Nenhum evento de La Niña é igual ao outro. Apesar de a grande maioria das estiagens no Sul do país ter ocorrido sob neutralidade ou La Niña, a maior seca do Rio Grande do Sul neste século, em 2005, se deu com o Pacífico Equatorial oficialmente numa condição de El Niño. Da mesma forma já houve muitos meses bastante chuvosos e até enchentes durante episódios de La Niña. Assim, o que é regra tem suas exceções.

 

Autor: MetSul

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