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Dólar cai e fecha a R$ 5,32, menor valor em 15 meses

dólar exibiu queda firme na abertura de semana e fechou a segunda-feira, 15, perto do nível de R$ 5,30. A expectativa pelo início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos na quarta-feira, 17, levou a uma nova rodada de enfraquecimento global da moeda norte-americana.

real exibiu, como no pregão anterior, o melhor desempenho entre as principais divisas emergentes. Segundo operadores, a moeda brasileira foi impulsionada por fluxos para a renda fixa e a Bolsa doméstica. O Ibovespa voltou a renovar nesta segunda recorde intradia, acima dos 144 mil pontos.

Analistas ressaltam que o provável desfecho da chamada “Super Quarta” – com provável corte de 25 pontos-base na taxa norte-americana pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e manutenção da Selic em 15% ao ano pelo Banco Central brasileiro – vai ampliar diferencial de juros interno e externo no curto prazo, estimulando ainda mais o apetite por operadores de carry trade.

Com mínima de R$ 5,3091 à tarde, o dólar à vista encerrou a sessão em queda de 0,61%, a R$ 5,3217 – menor valor de fechamento desde 6 de junho de 2024 (R$ 5,2508). Nos últimos três pregões, a divisa acumula perda de 1,58%. O dólar recua 1,85% em setembro e 13,89% no ano.

Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, não há outra explicação para o desempenho do real que a perspectiva de aumento do diferencial de juros, na iminência de início de um afrouxamento monetário nos EUA.

O economista observa que a perspectiva crescente de que haja espaço para uma redução da taxa Selic em dezembro, dados os sinais de desaceleração da economia, joga curiosamente a favor do real no curto prazo por duas vias distintas.

Em primeiro lugar, turbina ainda mais o apetite pelo carry trade, com investidores tentando aproveitar a janela de ampliação do diferencial daqui até dezembro. Além disso, estimula a entrada de capital estrangeiro para a Bolsa, que tende a se beneficiar de cortes de juros lá na frente.

Entre os indicadores do dia, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,53% em julho ante junho (na série com ajuste sazonal), com comportamento mais fraco do que a mediana de Projeções Broadcast, que apontava para uma queda de 0,30%.

“Talvez o real esteja no melhor momento. Não é certo que esse movimento de apreciação seja persistente. A sazonalidade do fluxo é ruim no fim do ano e ainda temos os nossos problemas fiscais”, afirma Costa, ressaltando que a proposta ventilada no governo Lula para reduzir ou zerar as tarifas de ônibus por meio de subsídios ficou nesta segunda-feira em segundo plano, apesar do impacto fiscal negativo.

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – recuava cerca de 0,25% no fim da tarde, ao redor dos 97,300 pontos, após mínima aos 97,273. O Dollar Index caiu 0,30% em setembro. No ano, cede pouco mais de 10%.

É dado como certo que o Fed vai reduzir a taxa básica de juros norte-americana em pelo menos 25 pontos-base na quarta-feira, dando início a um ciclo de afrouxamento monetário. A maioria dos investidores aposta em uma redução total de 75 pontos-base até o fim do ano.

Para o diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a fraqueza global do dólar “explica aproximadamente metade” da valorização do real no ano. A outra metade estaria associada a ganhos nos termos de troca, diferencial de juros e redução do prêmio de risco-país.

“Os R$ 5,33 que estimávamos para meados de agosto acabou ocorrendo em meados de setembro. A confusão das sanções e outras questões trouxeram ruídos para a tendência”, afirma Oliveira, que vê continuidade da apreciação do real nos próximos meses, com o dólar caindo para R$ 5,25 no fim de outubro.

Autor: Correio do Povo

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