Maio até o momento tem apresentado condições meteorológicas que fogem do padrão climatológico de chuva e temperatura na maior parte do Centro-Sul do Brasil com a maior parte das áreas apresentando temperatura acima da média e precipitação abaixo das médias históricas.
Sul do Brasil será a região no Centro-Sul do país com maiores volumes de chuva e maior risco de temporais nesta segunda metade de maio | ASAFF SAAB DE SOUZA
Maio é o terceiro e, historicamente, o mês mais frio mês do outono climático (trimestre março a maio) em que as características climatológicas já se aproximam mais do inverno, especialmente na segunda metade do mês, diferentemente do primeiro mês da estação (março) em que o clima é mais próximo do observado no verão.
Com isso, normalmente, aumentam os dias de frio ou amenos e ficam menos frequentes os episódios de calor. Em Porto Alegre, conforte as normais 1991-2020, a temperatura mínima média mensal em maio é de 13,6ºC, bem inferior à mínima média de abril de 16,8ºC, o que decorre do número maior de noites frias e de temperatura mais baixa. Já a média máxima mensal é de 22,6ºC, bastante inferior à média máxima de 26,4ºC de abril com o predomínio de tardes amenas.
No Sudeste do Brasil, a cidade de São Paulo tem temperatura mínima média mensal em maio de 14,7ºC. A temperatura média máxima na capital paulista com base na estação do Mirante de Santana é de 23,4ºC.
A possibilidade de mínimas muito baixas e de geada cresce, tradicionalmente, em maio. Eventos de ar muito gelado de trajetória continental que geram queda de temperatura acentuada, e mínimas muito baixas no Sul, no Centro-Oeste, parte do Sudeste e no Norte do Brasil (friagem) não chegam a ser raros.
Assim, algumas vezes ocorrem eventos de geada mais ampla no Sul e em parte do Centro-Oeste e do Sudeste com danos ao milho segunda safra. Nestes eventos de frio mais intenso, a geada alcança um maior número de municípios de menor altitude e latitudes mais baixas, logo pontos mais ao Norte.
Há um incremento ainda no número de dias em maio de nevoeiro e neblina e as estatísticas mostram que o mês é um dos que mais têm registro de cerração entre a madrugada e de manhã. Em alguns dias, o nevoeiro não raro perdura até o meio ou final da manhã, e em algumas vezes pode se dissipar apenas durante a tarde.
Maio, historicamente, não é um mês de muita chuva e costumava ser um dos períodos do ano de menor precipitação em Porto Alegre. No passado recente, entretanto, observou-se que os meses de maio passaram a ficar mais chuvosos. A precipitação média mensal histórica na capital gaúcha na série 1991-2020 foi de 112,8 mm contra 94,6 mm na série 1961-1990.
No Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, à medida que se aproxima o inverno que marca a estação seca no Brasil Central, há uma redução da chuva. A cidade de São Paulo tem em maio média de precipitação de 66,3 mm, muito inferior à de janeiro que marca o auge da estação chuvosa que é de 292,1 mm. Em Belo Horizonte, a média de chuva de maio é de apenas 28,1 mm contra 330,9 mm em janeiro. Em Brasília, maio tem média de precipitação de 26,9 mm ao passo que passa de 200 mm em dezembro e janeiro.
Como foi o clima em maio até agora
A primeira metade de maio teve chuva perto ou abaixo da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil com precipitação mais abaixo da climatologia histórica nos estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A exceção ficou por conta do Rio Grande do Sul, onde muitas cidades do Centro para o Oeste gaúcho anotaram na última semana chuva volumosa a extrema com acumulados de até 250 mm ou mais em alguns pontos. Este episódio, associado a uma frente fria e a um centro de baixa pressão, trouxe uma onda de tempestades com tornados no dia 9. Nos extremos Norte e Sul do estado, porém, a chuva está abaixo da média no mês.
Mapas de anomalias de chuva, temperatura mínima e temperatura máxima durante a primeira metade deste mês de maio | CPTEC/INPE
Quanto à temperatura, a primeira quinzena de maio registrou temperatura acima dos padrões históricos na maior parte do Centro-Sul do Brasil, mesmo com o ingresso de ar frio no último fim de semana que trouxe marcas negativas em Santa Catarina e geada em áreas de maior altitude do Sul. A incursão de ar frio, entretanto, foi de fraca intensidade.
As mínimas até agora no mês estão acima da média em quase todo o Centro-Oeste, Sul e Sudeste, excetuando-se alguns ponto perto da costa. Já as máximas estão acima ou muito acima da média na maioria das áreas do Centro-Sul brasileiro. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo estão com máximas inferiores ao normal enquanto o Rio Grande do Sul tem máximas muito acima da média de maio.
Chuva na segunda metade de maio
A segunda quinzena de maio não reserva volumes altos de chuva nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste. No Sudeste, chove mais em pontos próximos da costa. É o que se pode esperar nesta época do ano que marca a transição da estação chuvosa (verão) para a seca (inverno) com redução da precipitação no Centro do Brasil.
Projeção de chuva do modelo europeu ECMWF para os próximos 15 dias | METSUL
Projeção de chuva do modelo norte-americano GFS para os próximos 15 dias | METSUL
No Sul, onde deve chover mais, pela maior proximidade com o Centro do país, o Paraná deve ter chuva com volumes menores e abaixo da média nesta segunda quinzena de maio. Chove mais no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas, especialmente, no estado gaúcho. Pontos do Rio Grande do Sul podem ter chuva acima da média durante o que resta de maio com maior risco de temporais entre os estados do Sul.
Temperatura na segunda quinzena
O padrão de temperatura não deve mudar muito no Centro-Sul do Brasil em relação ao observado durante a primeira metade do mês com tendência na grande maioria das áreas de marcas acima da média.
Projeção de anomalia de temperatura do modelo de clima norte-americano CFS para 15 dias | METSUL
O período entre 16 e 20 de maio, inclusive, será marcado pela influência de ar quente com sucessivos dias de temperaturas muito acima da climatologia histórica e calor fora de época, o que vai influenciar muito na média da quinzena.
Na sequência, uma massa de ar frio ingressa no Sul do Brasil entre os dias 20 e 21, porém os dados indicam que não influenciaria a temperatura por muito tempo e novamente voltaria a aquecer.
Autor: MetSul
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