O mês de dezembro marca o começo do chamado verão climático que compreende o trimestre de dezembro a fevereiro, assim como o início do verão astronômico que terá início em 2024 com o solstício de verão às 6h20 do dia 21 de dezembro.
É um mês importante para o comércio que, pelo período de festas, tem uma alta nas suas venda. Trata-se de um período do ano importante no turismo pelas viagens de fim de ano e ainda na agricultura que avança com a safra de verão.
O mês, historicamente, marca um aumento expressivo no número de dias de calor no Sul do Brasil e da frequência de chuva com incremento de volumes no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil à medida que começa a estação chuvosa nos estados do Centro do país.
Em Porto Alegre, por exemplo, a máxima média histórica de dezembro é de 30,0ºC, somente atrás das médias máximas de janeiro (31,0ºC) e de fevereiro (30,5ºC). Já na cidade de São Paulo, com base nas normais 1991-2020 da estação de Mirante de Santana, a média máxima de dezembro é de 28,3ºC, a terceira mais alta entre todos os meses do ano, atrás de janeiro (28,6ºC) e fevereiro (29,0ºC).
A maior parte do Sul do Brasil na climatologia não tem radical variação chuva durante o ano, mas no Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil há uma estação seca que tem seu auge no inverno e a chuvosa que se dá nos meses quentes do ano.
Por isso, chove muito mais em dezembro que em meses da metade do ano. Porto Alegre tem média de precipitação em dezembro de 112,1 mm enquanto em agosto é de 120,1 mm. Na cidade de São Paulo, a chuva em dezembro tem média de 231,1 mm, a terceira mais alta média de precipitação mensal, apenas superada pela de janeiro (292,1 mm) e fevereiro (257,7 mm).
Como comparação, em agosto a média é de apenas 32,3 mm na capital paulista O mesmo ocorre na cidade de Belo Horizonte com 339,1 mm em dezembro (maior média entre todos os meses do ano na capital mineira) e somente 10,6 mm em agosto.
A chuva é mais abundante nesta época do ano no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil por uma condição chamada de Zona de Convergência do Atlântico Sul, um corredor de umidade que vem da Amazônia e vai até o Sudeste que persiste por vários dias com chuva frequente e volumosa, geralmente desencadeado por uma frente fria. Leia mais
No Sul, ao contrário, embora frentes frias que trazem chuva não deixem de atuar, os sistemas se tornam menos frequentes e costumam passar mais pelo oceano. A mudança principal que se dá no mês é o aumento da incidência de pancadas de chuva localizadas associadas ao calor e umidade, em regra da tarde para a noite e às vezes com temporais, o que gera irregularidade e variabilidade de volumes maiores que nos meses de inverno, quando a chuva tende a ser melhor distribuída.
Dezembro sem La Niña
Dezembro, entre 2020 e 2022, foi influenciado pelo fenômeno La Niña, o que trouxe pouca chuva e estiagem mais ao Sul do Brasil. No ano passado, ao contrário, o Pacífico estava em uma fase quente com a presença do El Niño, de forte intensidade, e que brevemente ingressou no território de Super El Niño no final de novembro com anomalias de temperatura da superfície do mar acima de 2ºC no Pacífico Equatorial Centro-Leste.
Em 2024, a tendência é de o Pacífico seguir na condição de neutralidade que perdura desde o outono deste ano, ou seja, sem a presença dos fenômenos El Niño e La Niña. Apesar disso, a perspectiva é que as águas no Pacífico Centro-Leste estejam mais frias do que a média, embora não configurando um evento de La Niña.
É fundamental explicar que, ao contrário do senso comum, neutralidade não significa normalidade no clima. Sob uma fase neutra podem ser observados sinais no clima que poderia se esperar tanto sob El Niño ou La Niña.
Como será a chuva no mês
A chuva no mês de dezembro nos estados da Região Sul deve ter um padrão mais perto de El Niño e distante do que normalmente ocorre durante a atuação do fenômeno La Niña. Isso porque a tendência é de precipitação perto e acima da média em grande parte do Sul do Brasil.
A MetSul Meteorologia destaca que em dezembro muitas áreas do Sul podem terminar o mês com chuva acima das médias climatológicas e que em alguns locais os totais mensais de precipitação podem ficar até muito acima da média histórica.
No Centro-Oeste e no Sudeste, a precipitação deve ficar perto e acima da média em muitas áreas. No caso do Centro-Oeste, haverá maior variabilidade de volumes nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com precipitações abaixo e acima, de acordo com a localidade. Em Goiás, a chuva tende a ser menos volumosa.
Onde mais pode chover em dezembro no Sudeste é no estado de São Paulo, onde muitas áreas podem terminar dezembro com precipitação acima a muito acima da média. Áreas do Rio de Janeiro e do Sul de Minas Gerais igualmente podem apresentar precipitação com valores acima das referências históricas. Na maior parte de Minas Gerais, a chuva terá maior variabilidade com diferentes pontos de chuva abaixo da média.
Cabe explicar que a chuva nesta época do ano decorre fundamentalmente de convecção, ou seja, se dá pela combinação de calor e umidade. Assim, os volumes de chuva variam uma enormidade de um ponto para outro. Uma mesma cidade pode ter num mês chuva abaixo ou acima da média, conforme o bairro ou zona da localidade.
Por exemplo, um temporal bastante isolado pode despejar em apenas uma hora chuva equivalente a um terço ou metade da média de precipitação do mês todo em alguns poucos bairros enquanto em outras áreas do município pode chover muito pouco.
Outro ponto relevante é que chuva abaixo da média nesta época do ano no Centro-Oeste e no Sudeste não significa pouca chuva. Isso porque as médias de precipitação do mês são bastante altas. Ou seja, uma cidade com média de chuva em dezembro de 250 mm terminar o mês com 50 mm abaixo da média ainda assim terá 200 mm.
Finalmente, uma vez que se espera um padrão de precipitação acima da climatologia histórica no Sul do Brasil e em muitas áreas do Centro-Oeste e do Sudeste, em particular em São Paulo, isso sinaliza maior potencial para temporais, especialmente tempestades isoladas de fim de tarde e à noite que podem despejar grandes volumes de chuva em curto período.
E a temperatura em dezembro?
Dezembro será outro mês de temperatura acima da média em grande parte do Centro-Sul do país com marcas superiores à climatologia histórica na grande maioria dos locais do Centro-Oeste e do Sudoeste do Brasil, projeta a MetSul Meteorologia.
No Sul do Brasil, a temperatura também deve ficar acima da média na maior parte da região, principalmente no Paraná. Mais ao Sul, no Rio Grande do Sul, o mês deve se encerrar com temperatura perto dos valores médios históricos ou pouco acima na maior parte das cidades.
Haverá dias de calor, afinal se trata de dezembro, mas os dados não indicam prolongados períodos de temperatura muito alta. Logo, o cenário não é favorável a ondas de calor de longa duração, apesar de alguns poucos dias de calor intenso.
Autor: MetSul
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