
Em reunião nessa quarta-feira (14), a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) detalhou a representantes do setor produtivo e do Ministério da Agricultura e Pecuária as medidas adotadas a partir da confirmação de foco de gripe aviária em aves silvestres de uma propriedade rural na cidade gaúcha de Rio Pardo. Os casos estão associados ao vírus influenza H5N1, de alta patogenicidade.
A amostra foi recolhida no dia 8 e teve resultado positivo confirmado no último domingo (11), em laudo produzido por laboratório de referência do governo federal.
Conforme diretriz do Ministério, foi traçado um raio de 3 quilômetros a partir desse foco, contabilizando 27 propriedades com registro de produção animal na área delimitada.
“Vamos cobrir um perímetro ainda maior, de 5 quilômetros, em um traçado que abrange 124 propriedades com aves”, frisou a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da secretaria (DDA) da Seapi, Rosane Collares.
A projeção é de que as visitas técnicas na área delimitada sejam concluídas até esta sexta-feira (16). Propriedades localizadas em um raio de 10 quilômetros a partir do foco de Rio Pardo também serão visitadas por equipes da pasta, em uma ação que deve prosseguir até a terça (20).
Ações de conscientização sobre a importância da notificação de casos suspeitos têm sido feitas de modo contínuo pela Secretaria Estadual desde o ingresso da gripe aviária na América do Sul, em outubro de 2022. “O foco de Rio Pardo é um exemplo de como a população vem dando importância a tais informações”, acrescenta Rosane, que prossegue:
“Uma equipe da Seapi promovia atividades de vigilância em febre aftosa em Rio Pardo e aproveitou a oportunidade para distribuir folhetos de educação sanitária sobre a gripe aviária. Com isso, um morador notificou a ocorrência de sete aves silvestres mortas em sua propriedade.”.
Colaborações
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, destacou que a entidade tem conduzido auditorias extras entre os associados. Dentre as iniciativas esta uma lista de verificação das medidas de biosseguridade que as granjas comerciais devem adotar para evitar o ingresso da gripe aviária em seus plantéis.
Já o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, informou que a entidade aportou mais de R$ 1,2 milhão no setor da avicultura em 2023. Ele mencionou a produção e distribuição de materiais informativos, além de treinamentos e atualizações aos técnicos do Serviço Veterinário Oficial.
O secretário-adjunto da Agricultura, Márcio Madalena, disse que a pasta está em contato com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) para reforçar a comunicação sobre a doença: “São grandes parceiros que podem nos ajudar a levar informações técnicas aos produtores rurais, combatendo a desinformação”.
Saiba mais
A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves, em sua maioria silvestres (terrestres ou aquáticas), mas que também pode atingir aves domésticas e de produção comercial. Recentemente, a doença foi identificada em mamíferos marinhos, como leões-marinhos.
Atualmente, existem vários subtipos do vírus da influenza aviária, que são classificados como Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) ou, na maioria dos casos, de Baixa Patogenicidade (IABP). Os casos de IAAP – em especial os do subtipo H5N1 – podem trazer graves consequências à saúde animal, ambiente e economia.
Em geral, a introdução da doença em um país ou região ocorre por meio das aves migratórias, que, na maioria das vezes, podem ser mais resistentes ao vírus e não adoecer, mas mantêm a capacidade de transmitir a IAAP para outras aves e, assim, de propagar a doença até as criações de aves comerciais e de subsistência.
As aves migratórias mantêm padrões de migração de acordo com as estações do ano, e as aves localizadas nas rotas de migração (como as silvestres residentes ou mesmo as aves domésticas) têm maior chance de se infectar, caso entrem em contato direto ou indireto com as aves migratórias infectadas.
O contato direto ou indireto de aves silvestres infectadas com as espécies domésticas ou de produção comercial é a principal fonte de surtos da doença na avicultura comercial ou de subsistência. As formas de transmissão são o contato direto com secreções de aves infectadas (especialmente fezes, secreções respiratórias, água, ovos quebrados ou carcaças de animais mortos), incluindo o contato de aves domésticas com aquáticas e migratórias que sejam portadoras de vírus.
Depois de circular por mais de 20 anos no mundo, a gripe aviária H5N1 teve o primeiro caso registrado no Brasil no dia 15 de maio de 2023, sendo a grande maioria dos focos identificados em aves migratórias. Ainda não há registro da doença em aves de produção comercial no País.
(Marcello Campos)
(Foto: Ascom Seapi)
Autor: O Sul
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