Um episódio de chuva orográfica associado ao relevo e à umidade que vem do mar foi responsável nesta quinta-feira por provocar volumes extremos de precipitação entre a região de Florianópolis e cidades do Nordeste catarinense, especialmente junto à costa.
De acordo com dados de estações meteorológicas da Epagri-Ciram, os acumulados de chuva até o final da tarde desta quinta-feira (19h) chegaram a 305 mm em Tijucas, 270 mm em Florianópolis (Santo Antônio de Lisboa), 138 mm em São José, 131 mm em Balneário Camboriú e 103 mm em São João Batista.
As intensas precipitações entre a madrugada e o período da manhã causaram diversos alagamentos e inundações em cidades como Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Navegantes. Em Balneário Camboriú, que decretou situação de emergência, vários locais da cidade foram tomados pela água.
Ao longo da quinta-feira, a chuva se intensificou muito na área de Florianópolis com os maiores volumes concentrados na Ilha de Santa Catarina, embora tenha chovido forte também no continente.
Os altos volumes de chuva provocaram uma situação caótica no trânsito com vias que foram tomadas pelas águas, motoristas isolados nos alagamentos e alguns que chegaram a subir sobro capô dos automóveis para se proteger da inundação.
O asfalto de uma rua cedeu em meio à forte chuva em Florianópolis na tarde desta quinta-feira e um automóvel que passava no momento do desmoronamento acabou sendo engolido pela cratera que rapidamente se abri. O motorista do carro precisou ser resgatado e passa bem.
A chuva paralisou Celso Ramos – que também decretou situação de emergência pela chuva extrema – e Florianópolis durante a tarde com diversos pontos de alagamentos, alguns intransitáveis.
TEMPO | Prefeito de Itapema (SC), Alexandre Xepa, publica vídeo com água até o peito pela inundação que atinge a cidade. Saiba mais sobre a chuva em Santa Catarina e leia alerta em https://t.co/cCRIo33YAN. pic.twitter.com/kihVOmA6bR
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TEMPO | Alagamentos pela chuva intensa em Balneário Camboriú. 📷 @fernao_berthold pic.twitter.com/pZU0q7IAOw
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Em Governador Celso Ramos, o quartel de bombeiros do município veio abaixo com a força da chuva. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), imediatamente foi iniciada a retirada de materiais e do pessoal no local.
As águas invadiram as garagens de prédios comerciais e residenciais. Ruas viraram rios com a correnteza e crateras se abriram nas vias. Pessoas ilhadas na inundação em supermercado foram resgatadas.
A rodovia SC-401, que liga o Centro de Florianópolis ao Norte da Ilha, uma das principais da região da capital catarinense, foi tomada pela água da chuva e o trânsito ficou caótico.
Por que tanta chuva?
A quantidade de chuva que caiu somente se explica por efeito de orografia, ou seja, pelo fluxo de umidade que vinha do mar. Os mapas dos modelos mostravam correntes de vento associados a um centro de alta pressão no Oceano Atlântico com abundante águas precipitável avançando do mar para o continente rumo ao Leste do Sul do Brasil.
A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa com camadas mais frias. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo.
Em um exemplo bem didático. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo.
O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.
O vento soprando do mar para o continente, carregado de umidade e com a temperatura do Atlântico acima da média, acabou por favorecer a chuva orográfica com volumes localmente muito altos de precipitação.
Pode ainda chover forte?
Afirmativo, o risco de chuva forte prossegue no Leste de Santa Catarina. Isso porque ainda se espera que continue o aporte de umidade que vem do mar em direção ao Leste do estado catarinense.
Além disso, o fluxo de umidade que vem do mar ao encontrar o ar quente que está sobre o Sul do Brasil favorece a formação de nuvens carregadas que podem provocar chuva forte a intensa com temporais isolados no Leste catarinense da tarde para a noite.
Com a manutenção da instabilidade e com o que já choveu, é crítico o risco de mais alagamentos e inundações, transbordamento de córregos, deslizamentos de terra e quedas de barreiras, especialmente na Grande Florianópolis e no Litoral Norte de Santa Catarina.
Autor: MetSul
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