Brasil prepara posição mais dura contra Rússia após invasão à Ucrânia

Após a invasão do território ucraniano por tropas russas nas últimas horas, o governo brasileiro prepara um novo posicionamento em relação à ação da Rússia na Ucrânia. Segundo apurou a coluna com integrantes do Itamaraty e do Palácio do Planalto, o Brasil deve abandonar a naturalidade e subir o tom contra o país comandado por Vladimir Putin.
A intenção do governo brasileiro é tornar pública essa nova posição por meio de uma nota à imprensa a ser divulgada pelo Itamaraty. Desde a madrugada desta quinta-feira (24/2), diplomatas brasileiros estão em conversas internas para definir o exato posicionamento do Brasil em relação à invasão dos russos na Ucrânia.
Tanques das forças ucranianas se movem após a operação militar da Rússia em 24 de fevereiro de 2022, em Chuhuiv, Kharkiv Oblast, UcrâniaWolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
Engarrafamento em 23 de fevereiro de 2022 em Kiev, Ucrânia. O país se preparou para declarar estado de emergência e pediu aos reservistas que voltassem à ativa em resposta a uma ameaça iminente de invasão russa. Na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu as regiões separatistas da Ucrânia no leste como repúblicas independentes, enviando forças russas para realizar uma “função de manutenção da paz”. A medida provocou uma onda de sanções dos EUA, União Europeia e governos aliadosPierre Crom/Getty Images
Tanques militares russos e veículos blindados avançam em Donetsk, Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022Stringer/Agência Anadolu via Getty Images
Cidadãos ucranianos carregam malas ao sair de um trem que chega de Odessa via Lviv na estação ferroviária principal de Przemysl em 24 de fevereiro de 2022 em Przemysl, Polônia. Da noite para o dia, a Rússia iniciou um ataque em larga escala à Ucrânia, com explosões relatadas em várias cidades e muito fora das regiões orientais inquietas mantidas por rebeldes apoiados pela RússiaOmar Marques/Getty Images
Vuglegirsk, Ucrânia – 18 de fevereiro: rebeldes pró-russos disparam foguetes de artilharia em direção a Debaltseve em 18 de fevereiro de 2015, perto de Vuglegirsk, Ucrânia. As tropas ucranianas foram forçadas a recuar de Debaltseve após os combates contínuos enquanto os combatentes rebeldes avançam para a cidade, apesar do recente acordo de cessar-fogoPierre Crom/Getty Images
Como a coluna antecipou nessa quarta-feira (23/2), o governo brasileiro já vinha discutindo abandonar a posição de neutralidade e passar a condenar a ação russa no leste europeu. Até então, porém, a ideia era se manifestar conjuntamente com outros países por meio de organismo internacional, entre eles, a ONU.
Diplomatas brasileiros ouvidos pela coluna ressaltaram, no entanto, que a situação mudou consideravelmente após a invasão e já admitem que o Brasil pode também emitir um posicionamento individual condenando a Rússia. A adesão a manifestações multilaterais também se daria, mas a avaliação é de que isso pode demorar um pouco.
Defensores de uma posição mais dura do Brasil em relação aos russos lembram que o presidente Jair Bolsonaro sempre adotou a defesa da soberania como uma das tônicas principais de seus discursos internacionais. Nesse contexto, avaliam que esse discurso pode ser questionado por outros líderes mundiais, caso o Brasil não condene a invasão à Ucrânia.
Durante encontro com Putin na semana passada em Moscou, Bolsonaro chegou a dizer que os brasileiros eram “solidários à Rússia”, sem especificar a que se referir. Após repercussão negativa, o presidente mudou o tom e, em uma segunda declaração, disse que o Brasil é solidário e respeita países que defendem soluções pacíficas para eventuais conflitos.
Autor: Metropoles