Os pais do menino de 4 anos agredido por uma professora na sala de aula de uma escola particular em Caxias do Sul prestaram depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (20).
De acordo com a família que deu entrevista à RBS TV anonimamente, o menino perdeu um dos dentes após ser atingido por uma pilha de livros pela professora – outros cinco ficaram frouxos e ele precisou colocar aparelho.
“Quero que ela vá presa. A situação é difícil. O pior de tudo é ver o filho da gente ter que almoçar de canudo, jantar de canudo. Isso é o que mais dói. Isso não se faz, é um inocente”, diz o pai da criança.
“Se chega a quebrar o pescoço do meu filho ali naquela mesa… Eu tenho certeza que de 8 a 10 kg, com certeza, tem naqueles livros lá”, finaliza.
A professora, Leonice Batista dos Santos, de 49 anos, é investigada por lesão corporal e foi demitida pela escola. Ela foi flagrada em vídeo cometendo a agressão (veja o vídeo acima).
O nome da instituição é Escola Infantil Xodó Da Vovó. A direção divulgou, em nota, que “segue à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e reitera seu compromisso diário com uma educação baseada no cuidado, na ética e no bem-estar das crianças”.
A RBS TV tentou contato com Leonice, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Segundo os pais, a professora foi quem entrou em contato primeiro para contar que o filho dele havia sofrido uma queda no banheiro e batido a boca.
O pai e a mãe foram até a escola, pegaram o menino e levaram ele até uma dentista. Ela avaliou o menino e sinalizou que a situação era crítica: foi a partir dessa análise que surgiu a desconfiança de que os ferimentos do menino não eram resultado de uma queda.
“E pelo que as dentistas também falaram… ‘Rapaz, só um tombo, né? Causar tanto machucado numa criança?’ Com isso começou a surgir a dúvida”, conta o pai.
A escola na Serra do RS teria entrado em contato por telefone em seguida. Os pais pediram imagens de câmeras de segurança para verificar o que realmente havia acontecido.
Pouco tempo depois, a escola retornou a ligação dizendo que o assunto era urgente e pedindo que eles eles fossem até a instituição. Lá, os pais viram o vídeo e ficaram sabendo o que havia acontecido. A escola se desculpou com os pais.
“Eu entendo que a escola não tem culpa nenhuma, né? Foi um surto da própria professora. Ela era uma professora que recebia as crianças na porta. Sempre confiei nela, nunca desconfiei de nada. Claro que, após o ocorrido, recebi muitos relatos de mães dizendo que os filhos já tinham relatado algumas situações com essa professora”, diz.
O aluno estava na escola há cerca de dois meses. Ela foi escolhida porque deu segurança aos pais: tem câmeras em todos os lugares, professores e donos se mostraram acolhedores e mostraram todo o local.
Agora, o menino está em recuperação.
“Ele não pode fazer força nos dentes. Então, é só papinha, só iogurte, sopinha, arroz e feijão amassado. É triste falar, é ruim. Sinto ele muito com medo. Qualquer barulho para ele, ele está assustado, até conosco. E é um trauma. Fica um trauma. Trauma para sempre”.
Investigação policial
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Caxias do Sul instaurou um inquérito para investigar o caso.
Segundo a delegada Thalita Andrich, que responde interinamente pela DPCA, dois boletins de ocorrência foram registrados no mesmo dia: um pela família da criança e outro pela própria escola. A investigação apura suposta lesão corporal contra o menino.
O vídeo que flagrou as agressões, a professora aparece gritando com o menino e, logo depois, o agride com uma pilha de livros. Em seguida, ela coloca os materiais sobre uma mesa, pega um papel para limpar a criança e, por fim, segura sua mão e o leva para outro local.
Demissão da professora
A Escola Infantil Xodó Da Vovó, que atende cerca de 90 alunos, demitiu a professora após verificar as imagens das câmeras de segurança. O diretor e proprietário da instituição, Cristhian Segatto Ferreira, relatou que a professora atuava na escola há seis anos e é formada em magistério.
“Era uma professora de extrema confiança, tanto que era responsável por abrir a escola de manhã e receber os alunos”, afirmou Ferreira.
Em nota, a escola diz que “segue à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e reitera seu compromisso diário com uma educação baseada no cuidado, na ética e no bem-estar das crianças. Estamos juntos com nossa comunidade para fortalecer ainda mais um ambiente de confiança, aprendizado e acolhimento”.
Autor: G1
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