
O inverno astronômico, que se iniciou às 23h42 do dia 20 de junho, completa um mês. O chamado inverno meteorológico ou climático, que vai de 1º de junho a 31 de agosto, e que é usado na climatologia, já chega na sua segunda metade.

SECOM-SC
De acordo com a estatística histórica, os meses de junho e julho são os mais frios do ano no Centro-Sul do Brasil com agosto apresentando temperaturas médias maiores, assim, à medida que estamos em 20 de julho, a lógica pela climatologia do passado é que o período mais frio do ano já tenha ocorrido.
Agosto, embora seja ainda um mês em que se registrem dias frios e alguns até gelados, na média não costuma ser tão frio quanto junho e julho. Os episódios de frio no mês, mesmo os intensos, tendem a ser mais curtos.
Além disso, há um maior número de dias agradáveis e até quentes durante o mês de agosto, com alguns de calor em pleno inverno, especialmente no Centro-Oeste e no Sudeste que alcançam o auge da estação seca.
De acordo com dados da série histórica 1991-2020, Porto Alegre tem temperatura média de 14,8ºC em junho; 14,1ºC em julho; e 15,7ºC em agosto. Curitiba tem média de 14,3ºC em junho; 13,8ºC em julho; e 14,9ºC em agosto.
Já a cidade de São Paulo (Mirante de Santana) tem médias de 17,5ºC em junho; 17,2ºC em julho; e 18,1ºC em agosto. Belo Horizonte tem médias mensais de 19,6ºC em junho; 19,4ºC em julho; e 20,5ºC em agosto.
Ou seja, com base nas curvas climatológicas de temperatura, já foi atingido o ápice do inverno e a tendência a partir de agora seria a de elevação das médias de temperatura nas próximas semanas.
O pior do inverno já passou
Com base nas curvas históricas de temperatura, no que já se observou neste ano e ainda com os que os dados de modelos numéricos indicam para os próximos dias e semanas, o entendimento da MetSul Meteorologia é que o pior do inverno já passou.
Isso, entretanto, não deve ser interpretado como o fim do frio e que não haverá mais dias de temperatura baixa na estação. O que vai ocorrer é que o frio que ainda vai fazer não rivalizará na relação intensidade e persistência com o que já se se registrou neste inverno.
O período mais frio deste ano se deu entre o final de maio, quando o Sul do Brasil teve a maior nevada desde julho de 2021, e a primeira quinzena de julho. O período entre 20 de junho e 10 de julho, em particular, foi gelado e até atipicamente frio por temperaturas muito abaixo da média.
Em Porto Alegre, a temperatura mínima média nos 20 dias entre 21 de junho e 10 de julho na estação do Jardim Botânico foi de 8,6ºC ou 2,7ºC abaixo da média mínima histórica de junho de 11,3ºC e 1,8ºC abaixo da média mínima de julho de 10,4ºC.
Já a temperatura máxima nos 20 dias de 21 de junho a 10 de julho ficou em 16,5ºC. O valor ficou 3,8ºC abaixo da média máxima de junho de 20,3ºC e 3,2ºC inferior à climatologia histórica das máxima de julho na capital de 19,7ºC.
O Rio Grande do Sul enfrentou uma sequência muito longa de 11 dias seguidos em que a temperatura caiu abaixo de zero no estado no fim de junho e no começo de julho, o que não é comum.
A sequência de dez dias de mínimas negativas teve -4,1ºC em Soledade em 30/6; -7,3ºC em Livramento em 1º/7; -9,1ºC em Pinheiro Machado em 2/7; -6,1ºC em Pinheiro Machado em 3/7; -1,6ºC em Soledade no dia 4/7; -2,1ºC em Pinheiro Machado em 5/7; -2,7ºC em São José dos Ausentes em 6/7; -2,4ºC em Ausentes em 7/7; -0,3ºC em São José dos Ausentes em 8/7; -3,6ºC em Ausentes em 9/7; e -0,7ºC em Ausentes no dia 10.
A sequência seria ainda mais longa não fosse a instabilidade ocorrida no dia 29 de junho com chuva que evitou marcas negativas. Isso porque todos os dias entre 23 e 28 de junho anotaram temperaturas abaixo de zero no estado.
Assim, 18 dos 19 dias do período de 23 de junho a 10 de julho no Rio Grande do Sul tiveram temperatura mínima abaixo de zero, uma frequência altíssima de dias de muito frio que é notável e não se repetirá mais neste inverno de 2025, embora dias com marcas abaixo de zero ainda ocorram no restante da estação.
Não bastasse, no pico do inverno de 2025, entre o fim de junho e o começo de julho, o Sul do Brasil ainda teve temperaturas excepcionalmente baixas. No Rio Grande do Sul, a menor temperatura foi em Pinheiro Machado no dia 2 de julho com -9,1ºC. Os termômetros indicaram ainda -7,3ºC em Livramento no dia 1º de julho e -6,1ºC em Capão Bonito do Sul em 25 de junho e em 3 de julho em Pinheiro Machado. Santa Catarina teve -10ºC em Bom Jardim da Serra no começo de julho.
Restante do inverno terá menos frio que na primeira metade
Embora o pior do inverno já tenha passado em nossa avaliação, tem muito inverno ainda pela frente e haverá ainda muitos dias de frio nas próximas semanas, e alguns até de frio intenso.
As temperaturas, entretanto, não devem ser tão baixas nas médias como no fim de junho e no começo de julho. E tampouco a frequência de ar frio de grande intensidade deve ter tão alta quanto nos primeiros 45 dias do chamado inverno meteorológico.
A tendência é evidenciada pelos mapas a seguir que mostram as projeções de anomalia de temperatura (desvio da média) semanais até o fim de agosto, de acordo com dados do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

ECMWF

ECMWF

ECMWF

ECMWF

ECMWF

ECMWF
Como se observa, a tendência é que não haja frio persistente no restante da estação e sejam observados, inclusive, períodos de temperatura acima da média ou próximos da média intercalados com outros de frio.
Este modelo, em suas rodadas do começo de julho, sinalizava um agosto mais frio do que nas mais recentes saídas. A tendência mensal para o Sul do Brasil que era de temperatura pouco abaixo ou na média passou para média ou pouco acima, no geral.
Não surpreende que o modelo esteja a apontar alguns períodos quentes em agosto. Ao contrário de junho em que dias de temperatura alta são pouco comuns, dias quentes em agosto normalmente acontecem todos os anos. Há muitos episódios nas últimas décadas até de calor intenso em pleno agosto, em particular na segunda metade do mês.
Em síntese, o pior do inverno já passou e o que resta da estação não deve trazer frio com intensidade e persistência do observado entre a segunda metade de junho e o começo de julho. Haverá ainda vários dias de frio, alguns gelados, mas que vão ser intercalados por períodos mais amenos ou até quentes durante agosto em contraste ao tempo muito frio persistente de grande parte da primeira metade do inverno meteorológico.
Autor: MetSul
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