Ex-presidente do Grêmio, Romildo Bolzan concedeu entrevista à Rádio Grenal nesta quinta-feira (6), onde abordou temas sensíveis para o futuro do clube e do futebol brasileiro. Sem papas na língua, o dirigente reafirmou que não participará das eleições do Tricolor neste ano, criticou o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e revelou bastidores da negociação frustrada para que o Grêmio assumisse a gestão da Arena.
“Eu não tenho conversa com nenhuma candidatura, nem tampouco interesse de participar do pleito eleitoral. Eu vou participar como eleitor do Grêmio, como conselheiro e como associado. Minha participação vai se restringir a isso, apoiando os movimentos que meu grupo político fizer”, afirmou.
Arena: negócio ainda incerto até 2033
Um dos temas mais aguardados pelos torcedores foi a situação da Arena. Romildo relembrou que, ainda durante sua gestão, houve um acordo encaminhado com todas as partes envolvidas, OAS, prefeitura e Ministério Público, mas que a construtora voltou atrás no último momento.
“No nosso tempo, nós fechamos um acordo (…). Tínhamos finalizado com tudo, e tava tudo ok, tudo organizado, tudo pronto. Só não finalizou porque, na verdade, no último momento, depois de todos terem concordado e assinado, a OAS deu pra trás.”
Segundo Bolzan, a Arena nunca foi gerida pelo Grêmio e tampouco pertence ao clube, que segue sendo dono apenas do antigo Estádio Olímpico, ainda com matrícula em seu nome.
“A Arena faz parte de um negócio que será plenamente do Grêmio em 2033, e que hoje ninguém tem essa garantia, por conta de tudo que poderá resultar das inadimplências e das coisas não resolvidas durante esses 20 anos.”
Críticas à SAF e à estrutura do futebol
Romildo também foi questionado sobre a possibilidade de transformação do Grêmio em SAF. O ex-dirigente se mostrou contrário à ideia, argumentando que o modelo deveria vir acompanhado de uma reformulação mais profunda no futebol mundial.
“Eu, particularmente, não sou a favor da SAF. A SAF deveria vir acompanhada de outro processo, que deveria ser determinado por uma mudança de comportamento legislativo da FIFA.”
Sobre a estrutura do departamento de futebol, ele avaliou que a figura do coordenador técnico se tornou, muitas vezes, mais política do que técnica. Ainda assim, acredita que, dependendo do nome, pode ser uma ponte eficiente entre base e grupo principal.
“Pode influenciar na comissão técnica, para que essa política seja bem definida e seja acatada como uma política do clube. Todo mundo tem que funcionar com a mesma visão.”
CBF e o “sistema fechado”
Romildo encerrou a entrevista com críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo ele, não há espaço para mudanças reais na entidade enquanto seu funcionamento continuar sendo dominado por um “sistema fechado”.
“Na CBF, ninguém nunca vai entrar se não for um cara do sistema, da confiança daquele sistema (…). Se tu te entregar pra eles, tu vai pro sistema deles. E, se tu traz o sistema deles, tu é liquidado.”
Com a autoridade de quem comandou o clube em uma das gestões mais vitoriosas da história recente, Romildo Bolzan segue sendo uma figura influente nos bastidores do Grêmio. Mesmo fora da disputa eleitoral, suas opiniões ajudam a balizar o debate sobre os rumos do Tricolor.
Confira a entrevista completa com Romildo Bolzan no canal da Rádio Grenal no YouTube. No vídeo, o ex-presidente do Grêmio aprofunda suas análises sobre a Arena, SAF, os bastidores da CBF e os rumos do clube. Clique aqui e assista à conversa exclusiva na íntegra!
Autor: Rádio Grenal
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