
Servidores da Receita Federal apreenderam Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, 191 unidades de Mounjaro com duas passageiras de 28 anos que chegaram na capital gaúcha em um voo proveniente de Lisboa, Portugal.
As mulheres são brasileiras, naturais de Goiânia (GO) e atualmente residem no exterior. Ao serem questionadas, negaram que se conhecessem.
Com uma das passageiras foram encontradas 95 (noventa e cinco) unidades de canetas do medicamento e com a outra 96 (noventa e seis) totalizando 191 (cento e noventa e uma) unidades de 15mg cada.
O vencimento do lote de medicamentos é agosto deste ano, por esse motivo o custo de aquisição é inferior ao praticado no mercado. O Mounjaro é um medicamento aprovado pela Anvisa em setembro do ano passado para diabetes tipo 2.
As postagens nas redes sociais sobre a tirzepatida (Mounjaro) são inundadas de depoimentos de experiências com a substância manipulada. A maior parte deles é positiva, alegando a perda de peso expressiva em poucos meses. É comum também encontrar relatos comparando o uso do original e do genérico, geralmente sem apontar diferença. Em meio aos devotos da tirzepatida manipulada, há uma quantidade menor de pessoas falando sobre os efeitos colaterais da droga.
A importação e comercialização ilegal do Mounjaro colocam em risco a saúde da população, pois o medicamento pode não ser armazenado adequadamente e pode ser falsificado. Ao serem questionadas sobre a ilegalidade da operação elas alegaram desconhecer as regras, uma vez que, segundo elas, em Londres a legislação é outra.
Os medicamentos foram encaminhados para a Polícia Federal para a realização dos testes de laboratório. Já as passageiras foram presas em flagrante e conduzidas pela Polícia Federal para os trâmites legais e encontram-se à disposição da Justiça Federal.
Preocupação
Antes mesmo chegar às farmácias brasileiras, o medicamento virou febre nas redes sociais e motivo de preocupação de médicos. Eles observam um aumento de queixas de efeitos colaterais após o uso desses produtos e suspeitam que muitos possam ser falsificados, contrabandeados ou resultado de manipulações não autorizadas.
Entre os efeitos estão enjoos, vômitos, desidratação, constipação severa, dor abdominal, prostração e deficiência nutricional grave. No Hospital Albert Einstein, uma mulher chegou a ser internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após três meses de uso intenso do produto.
Na última semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu que medicamentos análogos ao GLP-1, como o Mounjaro, Ozempic e Wegovy, devem ser vendidos nas farmácias apenas com retenção de receita.
De acordo os médicos, ainda que o remédio oficial também possa causar efeitos colaterais, como náusea, constipação, fraqueza, azia e diarreia, a preocupação com os produtos ilegais é que ninguém sabe ao certo o que eles contêm, e como estão sendo transportados e usados.
Segundo relatos nas redes sociais, as vendas desses produtos são feitas em consultórios médicos e de nutricionistas, spas médicos, clínicas de estética e bem-estar ou mesmo por pessoas físicas, que dizem trazer a substância do exterior.
Perfis no Instagram e TikTok oferecem a venda tanto do medicamento que dizem ser original quanto a do suposto princípio ativo manipulado. Vídeos mostram que as entregas são feitas em caixas de isopor com gelos e o produto líquido manipulado para que o próprio cliente faça a aplicação.
A Eli Lilly do Brasil, fabricante do Mounjaro, diz que um número crescente de produtos manipulados e falsificados está sendo comercializado e vendido em massa online, que a situação é preocupante e que está tomando medidas legais e regulatórias junto às autoridades competentes.
A farmacêutica afirma ser a única fornecedora legal da tirzepatida aprovada pelo FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) e pela Anvisa e que não a fornece para farmácias de manipulação, spas médicos, centros de bem-estar, varejistas na internet ou outros fabricantes.
O Mounjaro, concorrente do Ozempic (semaglutida), também é aplicado por meio de injeções semanais e é uma nova opção para o tratamento do diabetes tipo 2.
Assim como ocorreu com o Ozempic, o interesse maior do público tem sido na perda de peso que o medicamento traz, que também promete ser ainda maior que a do concorrente. A previsão é que a Elli Lilly comece a comercializá-la no País a partir de 7 de junho. Com informações do jornal Folha de S.Paulo.
Autor: O Sul Acompanhe as Redes Sociais da Destaque News e receba as notícias atualizadas em tempo real. WHATSAPP , TELEGRAM , FACEBOOK , INSTAGRAM , TWITTER