ClimaDestaque

Inverno chega mais cedo neste ano?

Machadinho
Scattered Clouds
22
23º – 19º
75%
1.39 km/h
23
sáb
24
dom
24
seg
26
ter
26
qua
Max. de Almeida
Scattered Clouds
22
22º – 19º
72%
1.47 km/h
22
sáb
23
dom
24
seg
25
ter
26
qua

 

 

O inverno meteorológico, o período quem em climatologia se define como o trimestre de junho a agosto por ser fixo e permitir comparações para estudos, começa em 1º de junho. Já o inverno astronômico, cuja data é móvel, tem início em 2025 às 23h42 do dia 20 de junho.

Clima de inverno traz muita geada no Sul do Brasil | MYCCHEL LEGNAGHI/SÃO JOAQUIM ONLINE

O conceito de inverno meteorológico é muito mais adequado porque o frio típico da estação costuma ocorrer muitas vezes dias ou semanas antes do solstício que marca o começo do chamado inverno astronômico.

A história climática gaúcha mostra vários anos em que a menor temperatura anual ou algumas das menores mínimas do ano se deu nos primeiros 20 dias de junho, portanto ainda no outono pelo critério astronômico, mas já dentro do chamado inverno pelo critério da climatologia.

Uma vez que estamos chegando na metade do mês de abril, falta desta forma somente um mês e meio para o começo do denominado inverno meteorológico e, assim, aumenta em tese a frequência da influência de ar mais frio no Sul do Brasil nas próximas semanas.

Então, o inverno vai chegar mais cedo neste ano? Esta é uma curiosidade permanente do público a cada outono, todos os anos, afinal a estação marca a transição do verão para o inverno,

Afinal, o outono já chegou a ter episódios de neve em abril e massas de ar polar extremamente fortes no mês de maio com marcas abaixo de zero e muita geada em estados do Centro-Sul do Brasil.

Em 1999, nevou na metade de abril nas áreas de maior altitude do Sul do Brasil com uma potente massa de ar polar associada a um intenso ciclone. Em 2023, o segundo episódio de neve mais precoce no Brasil teve lugar também em abril, no dia 19, com registro do fenômeno no Planalto Sul Catarinense.

Um outro exemplo recente na história climática brasileira de frio muito intenso antes do inverno se deu no começo da segunda quinzena de maio de 2022 com uma enorme massa de ar polar e de grande intensidade que trouxe tempo gélido em vários estados.

Foi o ar polar impulsionado pelo ciclone Yakecan, que até neve causou em Santa Catarina. Gama, com 1,4°C, teve a menor mínima no Distrito Federal desde o início das medições em 1963. São Paulo anotou a menor temperatura em maio desde 1990. Goiânia e várias outras cidades tiveram o maior frio desde 1977.

Ou seja, foi um evento tão extraordinário de frio de outono que a maioria das cidades do Centro do Brasil que anotaram mínimas históricas em maio de 2022 não registraram depois marcas tão baixas no decorrer do inverno. Um exemplo clássico de frio muito intenso cedo e que depois não se repetiu no inverno.

Inverno mais cedo neste ano?

Então, fica a pergunta. Teremos frio muito intenso cedo característico de inverno neste ano? Para buscar a resposta é preciso enxergar o que os modelos numéricos mostram e o que a história, por analogia, revela sobre anos passados que apresentaram condições semelhantes.

Em 2025, o clima de longo prazo na temperatura se torna ainda mais desafiador e difícil em termos de previsão com o aquecimento acelerado do planeta em curso. Mesmo com o resfriamento do Pacífico nos últimos meses o planeta seguiu muito quente a ponto de janeiro de 2025, sob La Niña, ter sido mais quente no mundo que janeiro de 2024, no auge do intenso El Niño de 2023-2024.

Os modelos de previsão de mais curto prazo possuem prognósticos para até dez ou quinze dias. Já os modelos de médio prazo, como o europeu e o norte-americano CFS, chegam a ter prognósticos para 40 dias, sejam diários ou semanais.

Intervalo maior de 40 dias apenas em modelos de clima que trazem tendência apenas mensal, que pode mascarar episódios de frio intenso de curta duração, afinal um mês pode ter uma semana gelada e três quentes, o que fará com que o mês termine com temperatura acima da média.

Analisando os dados destes modelos com previsões para até 40 dias, ou seja, até quase o fim de maio, nenhuma simulação indica massa de ar polar muito intensa até o final do próximo mês, embora apontem incursões de ar frio no Sul do Brasil na segunda metade de abril e também em maio.

Os mapas a seguir mostram as projeções de anomalia de temperatura, ou seja, quanto deve desviar da média, a cada semana, quase até o fim de maio, de acordo com dados do modelo de clima do modelo europeu.

ECMWF

ECMWF

ECMWF

ECMWF

ECMWF

Já os mapas abaixo mostram as projeções de anomalia de temperatura do modelo de clima norte-americano CFS (Climate Forecasting System), operado pela NOAA, para as duas próximas quinzenas, até a metade de maio.

ECMWF

ECMWF

Claro, em se tratando de uma tendência para 40 dias, mudanças podem ocorrer. Mas, hoje, os dados não indicam nenhuma incursão de ar gelado muito significativa, embora apontem incursões de ar frio que devem trazer dias de temperatura baixa e mesmo com ocorrência de geada.

Em síntese, o cenário mais provável não indica uma massa de ar polar muito intensa com geada generalizada ou mesmo chance de neve tão cedo, embora enfatizemos que devam ocorrer incursões de ar frio de menor ou média intensidade, como se viu até agora em abril, com alguns dias de geada em algumas regiões.

O mais provável, considerando a climatologia, é que dias de frio com maior intensidade cheguem em maio, mas por ora nenhum dado aponta massa de ar polar de significativa intensidade, como a de 2022. Isso poderia mudar com um ciclone de maior intensidade nas latitudes médias, o que modelos de longo prazo não antecipam.

Previsibilidade maior em curto prazo

Os próximos 45 dias devem transcorrer com o Oceano Pacífico Equatorial sob uma fase de neutralidade, ou seja, sem a presença dos fenômenos El Niño e La Niña. Estivesse o Pacífico sob uma La Niña clássica, com o oceano resfriado tanto em sua parte central como na costa da América do Sul, aumentaria a probabilidade de eventos pontuais mais intenso de frio, mas não é o caso.

Sem a influência de padrão de grande escala com impacto de mais longo prazo, cresce a importância de oscilações de curto prazo, as chamada teleconexões, em que no caso de ingresso de ar frio tem na Oscilação Antártica a variável mais importante. Esta oscilação, porém, costuma ser previsível apenas em mais curto prazo, em regra na ordem de 15 dias.

O enfraquecimento do cinturão de ventos ao redor da Antártida é identificado pelo que se denomina de Oscilação Antártica, uma variável que prestamos muito atenção na MetSul Meteorologia porque ela tem influência em chuva, chegada de massas de ar frio e mesmo formação de ciclones no Atlântico Sul.

A chamada Oscilação Antártica (AAO) ou Modelo Anular Sul ou Meridional é uma das mais importantes variáveis que impacta as condições no Brasil e no Hemisfério Sul, tanto na chuva como na temperatura.

NOAA

Os seus valores têm estado em terreno positivo por várias semanas, desde o começo de março, o que não favorece nem ciclogênese (formação de ciclones) nas latitudes médias e o ingresso de ar mais gelado.

Do que se trata a oscilação? Trata-se de um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida. A Oscilação Antártica tem duas fases. A positiva e a negativa.

Na positiva, o cinturão de vento ao redor da Antártida se intensifica e se contrai em torno do Polo Sul. Já na fase negativa, o cinturão de vento enfraquece e se desloca para Norte, no sentido do Equador, obviamente sem atingir a faixa equatorial.

Com a maior ondulação da corrente de jato na fase negativa, crescem as chances de episódios de chuva mais volumosa e ciclones. Estudos mostram que na fase negativa há uma maior propensão para chuva no Sul e Sudeste do Brasil.

Independente da condição do Pacífico (El Niño, neutralidade e La Niña), períodos de AAO- (fase negativa) têm potencial de incrementar a precipitação no Sudeste da América do Sul com maior frequência de ingresso de massas de ar frio de origem polar nos meses de inverno.

Autor: MetSul

Acompanhe as Redes Sociais da Destaque News e receba as notícias atualizadas em tempo real. WHATSAPP , TELEGRAM , FACEBOOK , INSTAGRAM , TWITTER

Botão Voltar ao topo