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Frente fria provoca chuva de 300 mm em horas e desastre na Argentina

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Bahía Blanca, maior cidade do Sul da província de Buenos Aires, enfrenta uma situação de desastre devido à chuva excepcional em curto intervalo que provoca inundações catastróficas e colapsa a cidade.

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As chuvas intensas provocaram alagamentos em diversas áreas, deixando moradores ilhados e causando prejuízos. As ruas estão completamente alagadas, tornando o trânsito impossível em diversos pontos da cidade. Veículos foram arrastados pela correnteza, e várias residências estão inundadas.

Em alguns bairros, a água chegou a atingir meio metro de altura, impossibilitando a circulação de pedestres e motoristas. Pelo menos 40 famílias tiveram que deixar suas casas e foram encaminhadas para abrigos improvisados.

Equipes de resgate trabalham incansavelmente para atender chamados de emergência e remover moradores presos em áreas críticas. No entanto, as condições do tempo dificultam as operações porque não para de chover.

Diante da gravidade da situação, as autoridades municipais decretaram a suspensão do transporte público e o fechamento de escritórios e serviços públicos. O aeroporto também foi interditado devido à água acumulada na pista, impossibilitando pousos e decolagens.

Moradores relatam momentos de desespero com a velocidade com que a água invadiu suas casas. Muitos perderam móveis, eletrodomésticos e pertences pessoais. Alguns comerciantes também tiveram grandes prejuízos, com lojas e estoques sendo completamente destruídos pela enchente.

“Nunca vi algo assim. A água entrou tão rápido que não tivemos tempo de salvar nada”, disse um dos moradores afetados. A Defesa Civil e as forças de segurança atuam para socorrer famílias e minimizar os danos.

Entretanto, o volume de chuva e a dificuldade de deslocamento tornam os resgates cada vez mais complicados. Várias vias estão completamente intransitáveis, e a água segue subindo em algumas regiões. A situação se agrava com a previsão de mais chuva.

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O Serviço Meteorológico Nacional emitiu alerta vermelho para Bahía Blanca e cidades vizinhas, incluindo Coronel Rosales, Coronel Dorrego, Monte Hermoso, Puan, Tornquist e Villarino.

A orientação é para que a população evite sair de casa e busque abrigo em locais seguros. A população foi orientada a permanecer em casa e evitar transitar pelas ruas alagadas.

O Hospital Interzonal Dr. José Penna foi um dos mais afetados pela tempestade. A água invadiu setores essenciais, incluindo a neonatologia, obrigando enfermeiros a evacuar bebês recém-nascidos.

Em imagens divulgadas nas redes sociais, profissionais da saúde aparecem carregando bebês nos braços, ainda conectados a aparelhos médicos, para realocá-los em locais mais seguros. Ambulâncias também ficaram submersas na garagem do hospital, comprometendo os atendimentos de emergência.

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Medidas de segurança, como o corte preventivo de energia elétrica em alguns bairros, também foram adotadas para evitar riscos maiores.

O fornecimento de água potável também pode ser afetado nas próximas horas devido ao alagamento de estações de tratamento.

Em meio ao caos, moradores se organizam para ajudar vizinhos em dificuldades. Redes de solidariedade surgem nas redes sociais, com voluntários oferecendo abrigo, doação de alimentos e roupas para as famílias desabrigadas. O poder público e organizações humanitárias já estão coordenando campanhas para arrecadar suprimentos e auxiliar as vítimas da enchente.

Vídeos mostram Bahia Blanca em colapso

Os vários vídeos que circulam nas redes sociais da Argentina mostram que a cidade de Bahia Blanca colapsou com inundações catastróficas e ruas que foram transformadas em rios com intensa correnteza, arrastando carros e empilhando automóveis.

Pelas redes socais, a Municipalidade de Bahia Blanca informou que praticamente todas as ruas da cidade estão inundadas e que não é possível trafegar, orientando as pessoas para que não saiam à rua e permaneçam em locais seguros.

Chuva do temporal teve volume excepcional e recorde

A estação oficial do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina registrou chuva de 210 mm até às 9h da manhã. Trata-se de um novo recorde de precipitação em 24 horas, que supera a marca em 24 horas de 151 mm de 23 de fevereiro de 1975, há 50 anos. Por outro lado, estações particulares na cidade marcavam mais de 330 mm de chuva até o meio da manhã.

Essa é a segunda grande tragédia climática que Bahía Blanca enfrenta em pouco mais de um ano. Em dezembro de 2023, um temporal com ventos fortes causou destruição e deixou 13 mortos na cidade. Agora, a população revive o medo e a insegurança diante de uma nova catástrofe natural.

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Especialistas apontam que eventos climáticos extremos como esse tendem a se tornar mais frequentes devido às mudanças climáticas. A infraestrutura das cidades precisa ser adaptada para enfrentar essas situações, com melhorias no sistema de drenagem e planos de contingência mais eficazes.

Por que a chuva excepcional em Bahia Blanca?

Intensas áreas de instabilidade se formaram na madrugada na dianteira de uma frente fria entre La Pampa e o Sul da província de Buenos Aires, organizando vários sistemas convectivos na região em meio ao ar quente e excessivamente úmido que atuava na região.

Com o bloqueio atmosférico da Alta Semi-Estacionária do Atlântico Sul, neste momento a Leste do Rio Grande do Sul sobre o Atlântico, criou-se uma situação de bloqueio atmosférico nos últimos dias com supressão da chuva e intenso calor entre o Sul e o Sudeste do Brasil.

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Com o bloqueio, o canal principal de umidade da América do Sul vindo da Amazônia, que normalmente estaria nesta época do ano orientado para o Sudeste do Brasil, canalizou-se a umidade pelo interior do continente em direção ao Sul para o Centro da Argentina.

Os dados indicavam no final da madrugada e no começo da manhã de hoje valores de água precipitável muito elevados na região de Bahia Blanca por conta justamente deste corredor de umidade.

METSUL

Água precipitável é a quantidade total de vapor d’água na atmosfera que pode se condensar e cair como precipitação se toda a coluna de ar fosse resfriada até a saturação, um indicador usado na Meteorologia para se prever precipitação.

Com ar quente e umidade em excesso, a aproximação da frente fria foi o gatilho para disparar poderosas áreas de instabilidade que se formaram e se regeneraram por horas sobre a cidade do Sul da província de Buenos Aires.

NASA

A enorme quantidade de vapor de água presente na atmosfera, então, acabou por gerar a chuva excepcional acima de 300 mm em intervalo inferior a 6 horas. A média histórica de chuva de março inteiro em Bahia Blanca é de 70,6 mm.

Há risco de se repetir o evento no Rio Grande do Sul?

A frente fria que avança pela Argentina e contribuiu para a chuva extrema de hoje na cidade de Bahia Blanca chega ao Rio Grande do Sul no final do sábado e avança pelo estado no decorrer do domingo.

Como a frente fria encontrará ar muito quente em sua dianteira, naturalmente haverá o risco de temporais isolados com chuva isoladamente forte e rajadas de vento com raios e ocasional granizo.

Nenhum dado indica acumulados tão extremos como o observado na cidade argentina e a maioria dos modelos projeta precipitação média de 10 mm a 30 mm na passagem da frente fria pelo estado, mas obviamente haverá pontos em que deve chover mais.

Pontos isolados podem ter chuva forte a torrencial quando da chegada e da passagem da frente fria acompanhando temporais, com altos volumes em curto período, mas não necessariamente com acumulados tão absurdamente altos quanto os observados em Bahia Blanca.

Autor: MetSul

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