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Um fenômeno natural tem chamado a atenção de moradores, turistas e especialistas ao longo da costa atlântica da província de Buenos Aires, na Argentina. O mar, tradicionalmente azul, adquiriu uma tonalidade avermelhada com cor de sangue em cidades como Mar del Plata e Necochea, causando surpresa e preocupação.
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DIEGO IZQUIERDO/AFP/METSUL
O cenário inusitado, porém, tem uma explicação científica e, segundo especialistas, não representa riscos para a saúde humana nem para o ecossistema marinho. A coloração vermelha do mar está relacionada a um evento conhecido localmente como “arribazón”.
Ocorre quando grandes quantidades de algas são desprendidas do fundo do oceano e levadas até a superfície por correntes marítimas intensas. Esse fenômeno pode ser causado por fatores como tempestades, fortes ventos e o envelhecimento natural dessas plantas marinhas.
Nas análises realizadas pelo Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Pesqueiro (Inidep), identificaram-se principalmente espécies de algas vermelhas como Anotrichium furcellatum e Callithamnion sp, pertencentes à família das Rodofitas, além da alga verde Bryopsis plumosa, do grupo das Clorofitas.
Apesar do impacto visual e do desconforto gerado para banhistas, os especialistas garantem que essas algas não são tóxicas. No entanto, recomenda-se evitar o contato direto com elas e, obviamente, não as ingerir.
O maior incômodo gerado pelo fenômeno está relacionado ao cheiro desagradável que as algas em decomposição exalam quando acumuladas na faixa de areia, especialmente em dias de calor intenso.
Com temperaturas superiores a 34°C e sensação térmica próxima dos 40°C, muitos turistas relataram dificuldades para aproveitar as praias, já que precisavam atravessar uma extensa camada de algas para chegar a áreas mais limpas do mar. Alguns descrevem a sensação como se estivessem caminhando entre teias de aranha, devido à textura das algas flutuantes.
O fenômeno não é inédito na região, mas a magnitude do evento recente tem impressionado. Em algumas praias da região, a concentração de algas foi tamanha que praticamente cobriu toda a superfície do mar.
Embora eventos menores já tenham sido registrados em anos anteriores, o último episódio de grande escala ocorreu em agosto passado. Na ocasião, as algas foram naturalmente retiradas pela ação das marés e dos ventos, o que também se espera que ocorra desta vez.
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DIEGO IZQUIERDO/AFP/METSUL
A previsão para os próximos dias indica mudanças nas condições meteorológicas, com ventos fortes que podem ajudar a dispersar as algas e restaurar a paisagem típica da costa argentina.
Diante da situação, as autoridades municipais de Mar del Plata e Necochea iniciaram operações para remover manualmente e com o auxílio de máquinas as grandes quantidades de algas acumuladas nas praias.
Em áreas como Playa Varese, que possui formato de baía e acaba funcionando como uma espécie de armadilha natural para os resíduos marinhos, a remoção tem sido feita com o uso de pás mecânicas e caminhões para transportar o material até locais de descarte apropriados.
Em Necochea, ações semelhantes também estão sendo adotadas para minimizar os impactos da chegada massiva dessas algas. Além das algas, as marés também trouxeram outros elementos da vida marinha para as praias. Especialistas observaram que ovos de caracóis, leves e facilmente carregados pelas correntes, também foram encontrados em grande quantidade nas áreas afetadas.
A recorrência desse tipo de evento levanta questões sobre as mudanças climáticas e o impacto das alterações nos padrões oceânicos. Embora os especialistas afirmem que a arribazón é um processo natural e cíclico, fatores como o aumento da temperatura do mar e mudanças nos ventos podem influenciar a frequência e intensidade do fenômeno.
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DIEGO IZQUIERDO/AFP/METSUL
O episódio despertou curiosidade e preocupação entre os banhistas, especialmente pelo impacto visual causado pela coloração avermelhada do mar.
O termo “mar vermelho” começou a ser amplamente utilizado para descrever a cena, mas os cientistas reforçam que esse evento não deve ser confundido com a chamada maré vermelha, que é provocada por proliferação de microalgas tóxicas capazes de causar danos à vida marinha e representar riscos à saúde humana.
Diferentemente da maré vermelha, o fenômeno atual não está associado a toxinas nem à contaminação da água, sendo apenas um deslocamento massivo de algas inofensivas.
Mesmo sem riscos sanitários, a presença das algas em excesso impacta o turismo e a experiência dos visitantes, que se deparam com praias cobertas por um tapete vermelho pouco convidativo para o lazer.
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DIEGO IZQUIERDO/AFP/METSUL
Comerciantes e donos de estabelecimentos à beira-mar temem que a permanência das algas por um período prolongado possa afetar o fluxo de turistas e, consequentemente, a economia local, especialmente neste final de temporada de verão.
Enquanto as operações de limpeza continuam, os especialistas monitoram a evolução do fenômeno e aguardam que a ação natural das marés e dos ventos ajude a dispersar as algas remanescentes. Para os moradores e turistas, resta torcer para que a cor característica do oceano retorne o quanto antes, permitindo que as praias recuperem sua paisagem habitual e voltem a ser o refúgio ideal para os dias quentes.
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Autor: MetSul Acompanhe as Redes Sociais da Destaque News e receba as notícias atualizadas em tempo real. WHATSAPP , TELEGRAM , FACEBOOK , INSTAGRAM , TWITTER