
Menos de um mês depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que já havia arrecadado dinheiro suficiente para pagar todas as multas que havia recebido em processos judiciais e eventuais novas punições, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revela que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões via Pix nos seis primeiros meses deste ano.
Segundo o Coaf, só entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República recebeu mais de 769 mil transações via Pix — que totalizaram R$ 17.196.005,80. Na época, ele lançou uma “vaquinha” virtual para pagar as sanções. Fontes próximas ao ex-chefe de Estado confirmam os valores.
Bolsonaro assumiu neste ano o cargo de presidente de honra do PL, recebendo salário de R$ 39 mil. Além desse valor, ele recebe aposentadoria do Exército e da Câmara dos Deputados, o que eleva os rendimentos mensais a mais de R$ 75 mil.
Entre as pessoas que ajudaram Bolsonaro está Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e investigado por um suposto esquema de rachadinha. Ele mandou um Pix de R$ 10 para o ex-presidente e publicou o comprovante da transferência em uma rede social, em 24 de junho.
Além de Queiroz, os deputados federais André Fernandes (PL-CE) e Gustavo Gayer (PL-GO) publicaram comprovantes de transferência para o ex-presidente. O primeiro doou R$ 22, número de cédula de Bolsonaro no ano passado. O goiano repassou R$ 50. Eles afirmaram que o ex-presidente é vítima de “assédio judicial” e precisa de ajuda para pagar “diversas multas em processos absurdos”.
A mobilização em prol de Bolsonaro começou em 23 de junho. Deputados e influenciadores fizeram uma campanha de “vaquinha” para levantar o dinheiro.
Em 14 de junho, a Justiça de São Paulo mandou bloquear mais de R$ 500 mil nas contas bancárias do ex-presidente em razão do descumprimento da regra sanitária imposta em meio à Covid-19 sobre o uso de máscara facial. A dívida de Bolsonaro com o governo do Estado de São Paulo já passa de R$ 1 milhão.
Advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten chegou a dizer que a campanha de doações não partiu da equipe de Bolsonaro. Contudo, o próprio Wajngarten publicou em uma rede social a chave do Pix de Bolsonaro com a indicação de que a conta era do Banco do Brasil.
O R7 procurou Wajngarten, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
O Coaf opera com a atribuição legal de receber, examinar e identificar as ocorrências de atividades ilícitas previstas na lei 9.613/1998, que define regras a respeito da prevenção aos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Relembre
Condenada em várias ações, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) também usou as redes sociais para pedir dinheiro aos eleitores a fim de pagar indenizações em processos judiciais em que havia sido condenada. Em um vídeo, a parlamentar menciona que, somente em um mês, precisou pagar R$ 65 mil em indenizações, o que a levou a pedir um empréstimo bancário.
O ex-deputado pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira recorreu à mesma tática. Após visitá-lo em Bangu 8, a defesa do petebista resolveu iniciar uma campanha nas redes sociais dele para arrecadar valores visando “resgatar sua dignidade” e ajudar a família, que passa por necessidades financeiras, de acordo com os representantes de Silveira.
Foto: Isac Nóbrega/PR
Autor: Rádio Guaíba
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